mejores doctores en América Dapoxetina elección de plan de seguro médico
11 In Escócia/ my photos/ out and about/ personal/ travel

Epifanias a caminho do Arthur’s Seat, Edimburgo

Este primeiro post sobre a minha viagem à Escócia custou a sair(-me) e creio que os seguintes irão custar da mesma forma. Porque quanto mais rápido os “despachar”, mais rapidamente deixarei de ter uma “desculpa” para prolongar na minha mente os dias mágicos que passei num dos países que mais queria visitar em todo o Mundo (e desde sempre).

Mas adiante.
Decidi falar-vos de um dos dias mais inspirados da viagem, em vez de começar exactamente pelo início.
Claro que agora me lembrei da célebre frase do Jean-Luc Godard: “A story should have a beginning, a middle and an end, but not necessarily in that order.”

E é precisamente isto que vai acontecer aqui, porque por vezes a ordem cronológica dos eventos não é a que mais sentido faz para nós.

Por isso, começo a relatar-vos a minha viagem por uma parte do segundo dia, mas que foi o primeiro dia completo em Edimburgo. 

iseearthursseat

Logo no dia de chegada, quinta-feira, 30 de Abril, deu para passear bastante, uma vez que chegamos relativamente cedo (14h00). Como decidimos que os almoços seriam compostos por coisas rápidas que não nos obrigassem a parar durante muito tempo, tivemos tempo para conhecer o nosso apartamento, instalarmos-nos e ainda de conhecer as ruazinhas da Old Town. Já não entramos em museus nem castelos, mas deu para rapidamente nos deixarmos inebriar pela beleza da cidade e tirar as primeiras de muitas fotos que agora documentam a nossa passagem pela Escócia.

athursseatviewfromthecastle

Olhando em volta da cidade pela zona em frente à entrada do Castelo de Edimburgo, vi várias montanhas a rodear os limites da cidade, uma das características que mais aprecio nas paisagens escocesas.
Mas houve uma que me chamou a atenção. Aliás, aquilo é mais um monte, mas não deixa de ser imponente. Se olharem para as duas fotos acima, vão vê-lo, pintado a castanho, verde e amarelo, cor das flores que, nesta altura do ano, crescem largamente pelos campos.

Rapidamente identifiquei esta montanha como o Arthur’s Seat sobre o qual tanto li nos guias turísticos de Edimburgo. O Arthur’s Seat é o nome dado a esta formação montanhosa que é, na verdade, um vulcão extinto, tal como a rocha onde assenta o Castelo de Edimburgo.

Mas a história do Arthur’s Seat vai muito além da geologia. Há quem diga que o Arthur’s Seat pode ter sido o lugar da mitológica Camelot, daí o nome derivado do King Arthur.

Para suportar a teoria, há também um lago (ou loch) – Dunsapie Loch – de onde a Senhora do Lago pode muito bem ter retirado a Excalibur para a dar ao futuro rei. Sim, sou uma daquelas nerds das lendas arturianas que prefere a versão do braço a sair do lago ao invés da do rei a retirar a Excalibur da pedra. Na verdade, este lago não é um dos apontados como o lago da Senhora do Lago, mas eu gosto de imaginar que sim, embora Camelot ainda devesse ficar longe desse lago.

Voltando à realidade, eu e a Joana decidimos subir ao Arthur’s Seat para nos maravilharmos com aquela que dizem ser uma das melhores vistas sobre Edimburgo, mas inteligentemente (ou não), decidimos fazer isto ao final do dia, após percorrermos vários quilómetros pela cidade. É sempre bom subir uma montanhazinha depois disso.
Bem, achámos que era capaz de custar, sim, mas que não nos ia matar e que até dormiríamos melhor nessa noite.

O resto do nosso grupo não quis ir e então dividimos-nos entre duas atracções turísticas, decisão esta na qual acredito que ficamos a ganhar, sem dúvida nenhuma.

Começamos então cheias de uma energia renovada com a aproximação desta objectivo e lutámos bem contra o cansaço até certa altura. Passo a passo, fomos deixando a cidade para trás e entrámos numa espécie de vale rodeado por montanhas, montes, lagos e uma capela muito antiga e em ruínas – St. Anthony’s Chapel.

Mas o Arthur’s Seat estava tão longe ainda… Quero dizer, o pico do Arthur’s Seat. E estávamos a ficar sem tempo para irmos ter com o resto do grupo a um restaurante.

Por fim, o cansaço começou a dar sinais e parámos num montinho abaixo do pico.
Descansamos uns minutos e deixamos-nos afectar pelo ambiente em volta.

É incrivelmente difícil para mim explicar o que senti. Foi um momento inesperado, mas que criou um impacto em mim que só posso descrever como “epifania”. Foi um momento “ah-ah!” em que senti aquilo que procurava quando escrevi este post.

Foi um momento raro de “podia viver assim para sempre”. Um momento em que senti que escapei, que consegui fugir sem ser apanhada pelo caminho. O contrário daquele sentimento de quando estamos a sonhar com uma coisa deliciosa, mas acordamos subitamente e somos cruelmente devolvidos à realidade.

Há um certo poder em olhar para uma cidade imponente de cima, de reconhecermos a sua beleza, mas sem sermos dominados pelos seus ritmos infernais, pelas suas gentes afogadas em stress, pelas suas buzinas venenosas.

Não é esse o caso de Edimburgo, mas não pude impedir-me de imaginar que Edimburgo era Lisboa e que, dentro da cidade de Lisboa, existia um lugar assim, como o Arthur’s Seat, onde poderia refugiar-me do caos sempre que precisasse.

No topo de uma das partes da montanha do Arthur’s Seat senti uma calma que não me é característica, mas que tanto procuro e nunca alcanço.

Aqui, surgiu naturalmente sem sequer – conscientemente – procurá-la.

Senti que já estava em Edimburgo há uma semana, mas no bom sentido, porque na verdade só a vivi muito intensamente e já senti que a conhecia desde sempre.

Tive vontade de ficar até o sol desaparecer completamente, mas de regressar quando voltasse a nascer no horizonte. Tive vontade de lá viver e para lá escapar, sempre “armada” com o meu caderno e caneta para anotar quaisquer pensamentos passíveis de serem aproveitados.

Sabia que era o meu último dia em Edimburgo e que teria que partir para Inverness na manhã seguinte, mas após alguma relutância em deixar Edimburgo, senti-me pela primeira vez preparada para a trocar pelas Highlands e foi a paisagem natural do Arthur’s Seat que me convenceu.

Despedi-me deste recanto encantado da melhor forma que consegui, mas prometi-lhe secretamente que nos iríamos encontrar novamente. Que da próxima vez ficaria mais tempo e que iria realmente subir até ao topo, sem me deixar limitar por algum tão superficial como o tempo.

E depois da caminhada, olhei ainda para as montanhas mais longínquas no horizonte e perguntei-me se as de Inverness e as das Highlands me fariam sentir algo semelhante…

Espero que tenham gostado do primeiro post sobre a Escócia! Tenho muito mais para vos contar, tanto que estou com alguma dificuldade em organizar os pensamentos, mas hei-de conseguir! 🙂

Agora contem-me, já estiverem na Escócia? Em Edimburgo? No Arthur’s Seat? O que sentiram?

(Nota: tive que reduzir a qualidade das fotos para não ocupar muito espaço de alojamento, mas em breve coloco um link para poderem ver as fotos com maior qualidade se assim desejarem 🙂 ).

You Might Also Like

11 Comments

  • Reply
    Ana Garcês
    11/05/2015 at 4:25 PM

    É engraçado que eu todos os livros que li que se passam em Edimburgo todos os personagens que sobem o Arthurs Seat descrevem a mesma coisa que tu acabaste de descrever dai chegar à conclusão que deve ser mesmo um daqueles sítios a visitar antes de morrer nem que seja para experimentar, por instantes, essa paz de alma e essa epifania. Ainda me deste mais vontade de ir à Escócia com este relato tão pessoal, honesto e teu. Mal posso esperar pelas outras publicações sobre a Escócia 😀

    • Reply
      joan of july
      15/05/2015 at 12:24 PM

      A sério, Ana? :O Podes dar-me uma listinha desses livros? Gostava tanto de os ler! 😀
      As outras publicações já estão a ser trabalhadas. 😉

  • Reply
    Catarina
    12/05/2015 at 10:44 AM

    Adorei o teu relato. Há realmente sítios que nos tocam de uma forma mais profunda! Eu nunca subi a Arthur’s Seat, mas pela vista, pelo deixar para trás o rebuliço da cidade e de repente parecer que se está noutra realidade, não tenho dúvidas de que seria um desses sítios 🙂 já sabes que estive na Escócia, mas foi há tantos anos que mal posso esperar para a ver de novo através dos teus olhos 🙂

    • Reply
      joan of july
      15/05/2015 at 12:23 PM

      Ohhh obrigada, Cat. <3 Adorava mesmo que existisse um sítio assim em Lisboa. Às vezes acho que era o que bastava para me sentir melhor e mais relaxada ao fim do dia.
      Oh well.
      E espero MESMO um dia voltar a Edimburgo e ao Arthur's Seat. Aquele sentimento é, sem dúvida, algo que quero voltar a sentir. 🙂

  • Reply
    Analog Girl
    19/05/2015 at 11:26 AM

    Ainda mal arranhaste a superfície e eu já estou encantada. Que venham os próximos, estou a adorar. E também sou uma fã incondicional das lendas arturianas (benditas “Brumas de Avalon” que me pegaram o bicho). Estou já a começar a pensar em fazer uma viagem como a tua em breve, estou cada vez mais convencida que é a próxima viagem na minha vida. 🙂

  • Reply
    Raquel
    14/06/2015 at 4:17 PM

    Juro que adoro o teu blogue, dos meus preferidos!

    • Reply
      joan of july
      15/06/2015 at 12:10 PM

      Ohh obrigada, Raquel, nem imaginas como fico feliz! <3

  • Reply
    Ana Carlos
    02/12/2015 at 3:21 PM

    Já estive em Edimburgo, subi ao Arthur’s Seat e senti que nasci ali, que é àquele lugar que pertenço. Nunca senti tal coisa em qualquer outra cidade que visitei, antes ou depois.

    Tropecei hoje no teu blogue por mero acaso e apaixonei-me. Então, depois de ler este post… Fiquei fã. Sem dúvida que vou voltar!

    Keep up the good work.

    • Reply
      joan of july
      02/12/2015 at 5:54 PM

      Olá Ana,

      Muito obrigada pela tua visita! Fico muito contente que tenhas descoberto o meu blog, especialmente a partir deste artigo que, por acaso (ou nada por acaso) é um dos meus favoritos deste ano!
      Percebo tão bem o que sentiste no Arthur’s Seat… Por mim voltava já hoje! Pronto, hoje já não deve dar, mas gostava de voltar a visitar Edimburgo em 2016, mesmo que seja só num fim de semana prolongado! 🙂

      Um beijinho*

  • Reply
    jarbas
    14/04/2021 at 8:43 PM

    As rochas que formam o topo do Arthur´s Seat são de composição basáltica, provenientes do resfriamento de uma antiga câmara magmática…

    A Geologia é incrível concorda?

    Ótima Viagem!

  • Reply
    Regresso à simplicidade: um desabafo sobre fotografia - Joan of July
    06/04/2022 at 3:43 PM

    […] me custou, em 2015, subir até ao Arthur’s Seat em Edimburgo de mochila às costas e câmara pesada ao pescoço? Custou muito. A subida já é o que é, mas com […]

  • Leave a Reply