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Documentário: Mission to Lars

Este foi um daqueles filmes que escolhemos num dia de semana porque a) não era muito longo e, ainda por cima, b) era um documentário relacionado com Metallica. Escolha fácil, portanto, mas Mission to Lars acabou por ser bem mais do que um documentário light que se vê numa noite de semana, nem tampouco é apenas indicado a fãs dos Metallica. Vou explicar-vos porquê e o que está por detrás do gesto bonito que deu origem a este filme-documentário.

Mission to Lars é – em linhas gerais – um filme sobre um homem – Tom – que tem como objectivo conhecer Lars Ulrich, o carismático baterista dos Metallica. Porém, existe um grande obstáculo: Tom sofre da Síndrome do X Frágil (Fragile X Syndrome), a forma mais comum do autismo. Para além de algumas características físicas, as repercussões desta síndrome nos afectados traduz-se em alguns destes comportamentos:

  • Ansiedade social;
  • Evitar contato visual;
  • Atraso no desenvolvimento (gatinhar, andar…)
  • Atraso em aprender a falar e escrever;
  • Dificuldade de expressão;
  • Má memória;
  • Bater muitas palmas, ou morder a mão;
  • Impulsividade, impaciência e irritabilidade;
  • Maior vulnerabilidade a transtornos do humor e transtornos de ansiedade.

Tom tem dois irmãos, Kate, jornalista, e Will, um cineasta, que movidos pelo sentimento de culpa por se terem afastado do irmão na vida adulta, decidem fazer tudo o que estiver ao seu alcance para tornar realidade o sonho do irmão: conhecer o baterista Lars Ulrich.

Os problemas? Bem…

  1. Eles vivem em Londres e Lars anda em digressão pelos Estados Unidos;
  2. Viajar com uma pessoa com Síndrome do X Frágil é todo um desafio, especialmente no que diz respeito às mudanças de humor e transtornos de ansiedade;
  3. Eles não conhecem propriamente os Metallica e chegar até eles não é fácil, como podem imaginar.

A muito custo, convencem Tom a ir com eles para os Estados Unidos. Entretanto, Kate estabelece alguns contactos que poderão ajudá-los a concretizar o desejo de Tom num de três concertos dos Metallica a que estão a planear assistir nos Estados Unidos. Convencer Tom não é fácil, pois a princípio ele diz-lhe que não quer ir. Não é que não queira, afinal, conhecer o Lars, mas a ansiedade provocada por uma grande viagem é demais para processar e acaba por ser a madrasta que o convence, finalmente, a ir com os irmãos nesta aventura. Não é que Tom se tenha expressado desta forma, mas é que o se depreende.

Não sei se sabem, mas as pessoas com autismo são brutalmente honestas. Não escondem a verdade, por isso sempre que Tom se sente ansioso, ele diz sempre que não; não, não quer ir para os Estados Unidos, não, não quer dar um high-five à irmã, não, não quer ir ao concerto dos Metallica… Como não, certo? Pois, mesmo já nos Estados Unidos, precisam – mais uma vez – de convencer Tom a ir.

Será que conseguem?

Spoilers

Tom perde um (ou mesmo dois) concertos de Metallica, não me lembro bem, mas acaba por ser convencido a ir àquele que vai finalmente pô-lo em contacto com Lars Ulrich. Enquanto o irmão Will filma tudo e a irmã Kate faz das tripas coração para tornar este encontro possível, Tom muda radicalmente a sua expressão facial constantemente ansiosa para uma de alegria pura. Apesar das suas limitações e de ouvir a música 10 vezes mais alta do que uma pessoa “normal”, Tom acaba por – possivelmente – viver um dos melhores dias da sua vida quando vai finalmente a um concerto de Metallica e, no final, tem o desejado encontro com Lars. O baterista demonstra para com Tom uma simpatia enternecedora e convida-o a tocar na sua bateria, oferecendo-lhe as baquetas no final. Não satisfeito, convida ainda o seu maior fã para entrar em palco com a banda no próximo concerto, convite ao qual Tom diz simplesmente: “Não”.

Sempre muito honesto e proporcionando momentos hilariantes, já que normalmente não seria algo que alguém rejeitasse. Mas, no final, acaba por sentir o chamamento de Ktulo (fãs de Metallica vão compreender) e lá vai ele!

Até ao momento final em que vemos Tom verdadeiramente a divertir-se, questionei-me até que ponto esta missão dos irmãos não teria sido um bocadinho egoísta e motivada mais pelo sentimento de culpa deles do que pelo sonho do irmão. Até ver o rosto dele ao ver Metallica ao vivo pela primeira vez. Aí fez-me todo o sentido e parecer compensar todas as birras, desconfortos e momentos de ansiedade.

Conclusão

Mission to Lars é um documentário amoroso que recomendo a qualquer pessoas e não apenas a fãs dos Metallica. É um testemunho de amor fraternal, do amor pela música, de como ultrapassar obstáculos por maiores que sejam e como os sonhos podem ser realizados por mais impossíveis que possam parecer. 🙂

 

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