Bruges, Bélgica, 2018
Aqui fica uma declaração algo controversa nos tempos que correm: eu não quero/preciso de conhecer todo o Mundo. Não se deve a nenhuma fobia de aviões ou de um desejo súbito de permanecer para sempre no mesmo país. Eu explico. Quem sabe até há mais pessoas a pensarem da mesma forma que eu. Será?
Coleccionar carimbos no passaporte?
Aqui há um ou dois anos (este ano confesso que prestei zero atenção a isso), estava na moda falar-se muito sobre coleccionar carimbos no passaporte. Nem interessava muito bem quanto tempo durariam as viagens nem os países em si; o que importava era adicionar mais um à lista.
E está tudo bem; há quem tenha esse sonho e queira conhecer o Mundo inteiro.
Em tempos, também eu me convenci de que era isso que queria para mim e sentia-me meio envergonhada por ser tão pouco viajada em comparação com algumas pessoas que pareciam tirar imensas semanas de férias para visitarem destinos longínquos.
Então, perguntava-me o que me estava a faltar. Dinheiro? Dias de férias? Nem por isso.
Demorei um bocado até perceber que era vontade que me faltava.
County Kerry, Ireland, 2016
O que quero visitar no Mundo com o tempo limitado que tenho nele
Nós temos um tempo limitado nesta Terra e os nossos dias de férias são, também eles, limitados (demasiado, am I right?), pelo que com o tempo que tenho prefiro viajar para sítios que me fascinam. Não quero, de modo algum, só visitar uma única vez na minha vida países com os quais sinto uma ligação fortíssima. Nem me passa pela cabeça nunca mais voltar, por exemplo, à Escócia, e não tenho culpa que os países que mais me apaixonam se situarem mesmo aqui na Europa. Bem, na verdade, até é uma grande vantagem para mim!
Não quer isto dizer que, se tivesse todo o tempo, dinheiro e férias do mundo, dispensasse a experiência de conhecer tudo. Isto se fosse mesmo imortal, claro, porque caso contrário, acreditem, há mesmo sítios que dispenso conhecer, que não me dizem nada, que não me atraem.
E está tudo bem com isso também, não acham? Com o pouco tempo que tenho, quero conhecer os países que estão na minha bucket list e voltar aos que adorei de coração.
Não quer isto dizer também que não queira saber absolutamente nada sobre os países que não desejo visitar. Eternamente curiosa como sou, adoro ver documentários e ler artigos sobre os quatro cantos do mundo e faço-o regularmente.
Regressar sempre que possível
Já alguma vez sentiram uma ligação fortíssima com um lugar onde nunca estiveram? Eu desde criança sempre o senti em relação a dois ou três países e sinto que, mesmo tendo já visitado quase todos, não estou satisfeita. Muito longe disso. Sinto que deveria regressar a eles sempre que possível.
O meu encantamento por países como a Escócia, Inglaterra, Irlanda, País de Gales, Suécia, Noruega, Finlândia, Suécia e Dinamarca, por exemplo, passa pelo meu fascínio pela História e Mitologia desses países. Há coisas que não se explicam, mas no caso da Escócia posso tentar.
Clava Cairns, Inverness, Scotland, 2015
História, Lendas e Mitologia à parte, quando era criança vi-me num sonho, de costas, a olhar para um castelo que ficava em cima de um lago. Não sabia onde era nem que castelo era, mas senti que seria na Escócia, sem explicação nenhuma.
Anos mais tarde:
Eilean Donan Castle, Scottish Highlands, 2015
Desde então, as minhas viagens têm sido uma busca pela sensação que tive no dia em que tirei esta foto, no dia em que visitei o Eilean Donan, na Escócia. A concretização de algo, o cumprimento de um sonho, literal ou metafórico. Acima de tudo, o encontro com a Antiguidade e o senti-la ainda no que hoje permanece.
15 Comments
Marta Chan
10/12/2018 at 2:31 PMNa altura que uma menina com 20 e tais viajou por todos os paises tendo batido um record de pessoa mais nova a viajar o mundo ou algo do genero muitas pessoas enviaram me o link da noticia. Ao inves de ficar uau fiquei atordoada… Não me serve de nada ficar 3 dias em cada pais so para dizer que estive lá. Sim quero viajar o mundo mas nao de seguida. Quero ir viajando com tempo e aproveitar o que de melhor este planeta tem para oferecer.
Catarina Alves de Sousa
10/12/2018 at 2:47 PMPois, tu ao menos quando viajas é com tempo! 🙂 Mas é muito por aí para mim; se eu só tiver 3 dias para passar num país/cidade, não vou ficar lá um só dia e passar os outros dois a visitar países vizinhos só por ficarem perto e só para “riscar da lista”. Naahhhh. Não é para mim. 🙂
Será algo que muda com a idade? Será que quando somos mais novos sentimos mais aquela ânsia de somar países à nossa lista, ainda que só lá tenhamos passado um dia ou umas horas?
Margarida
11/12/2018 at 1:45 PMÉ mesmo essa sensação que eu tenho Marta! 🤔
mysupersweettwenty
10/12/2018 at 3:08 PMNão sou como tu, mas também não sonho em andar sempre a viajar. Gosto muito de conhecer sítios novos – sim, se calhar nesse espírito de coleccionar carimbos – mas também gosto muito de estar em casa e de voltar aos lugares onde fui feliz <3
Catarina Alves de Sousa
10/12/2018 at 3:33 PMNo fundo, há sempre algo que todos nós temos em comum, não é verdade? 🙂 Voltar aos lugares onde fomos felizes. 🙂 E isso é reconfortante.
Catarina Gralha
10/12/2018 at 10:00 PM(Claro que tinha de comentar este artigo ahah Há muito tempo que andava por aqui a ler sem comentar nada…).
Eu quero visitar o Mundo inteiro, mas sei que é algo meu, e que não é para toda a gente. Da mesma forma que viajar não é para toda a gente (sim, há quem não goste de viajar, para nenhum lado, e está tudo bem). Não queremos todos a mesma coisa, não temos todos o mesmo sonho, e isso é óptimo!
Acho, aliás, que estás melhor do que eu… Porque podes visitar os sítios que te chamam mesmo, e regressar lá, e sabes que o podes fazer no teu tempo de vida. Já comigo é diferente. Eu sinto ligações com muitos lugares, muitos mais do que aqueles que poderei conhecer em vida. Esse sentimento que tens com a Escócia, eu tenho com quase todos os países. É tramado.
Apesar de sentir esta ânsia de querer conhecer o Mundo inteiro, não quero ver sítios “a correr”, só para dizer que estive ali. Viajar, para mim, é muito mais do que isso. Mas sempre foi, sabes? Não é por fases, não é uma questão de idade. Sempre tive esta vontade de conhecer tudo, mas querer fazê-lo devagar. E isso não me impede de regressar a locais onde fui muito feliz. Porque repetir países também é maravilhoso. Há sempre algo mais a explorar… Infelizmente, sei que não vou ver, sentir, explorar tudo. Mas aceitei isso há muito tempo também.
Catarina Alves de Sousa
11/12/2018 at 2:35 PMObrigada pelo teu comentário, querida Catarina!
Mas eu sinto mesmo esse teu “fascínio generalizado” e sei que é genuíno. Nesse caso, há mesmo que visitar o Mundo todo! Eu é que acho que, com o tempo que tenho, não posso voltar a sítios onde quero voltar se me for meter nisso. Mas, lá está, é mesmo como tu dizes: não é para toda a gente. E está tudo bem. 🙂
Eu é que me senti como uma ave rara durante muito tempo por não partilhar a mesma opinião. Ehehehe
Daniela Soares
10/12/2018 at 10:21 PMEu tenho muita vontade de conhecer o mundo inteiro mas percebo bem o que dizes e entendo essa história dos sonhos com alguns sítios e de sentir que pertencemos lá. Eu sempre tive uma atracção desse género mas por países Europeus e nunca soube explicar bem porquê, a verdade é que quando visitei pela primeira vez Budapeste senti que podia viver lá e passado 6 meses estava lá pronta para fazer Erasmus e viver naquela cidade durante 3 meses. Não sei explicar mas é uma das cidades da minha vida. Para além disto também tenho uma “paisagem de sonho” que é nas montanhas mas que ainda não tive o prazer de “encontrar”.
Another Lovely Blog!, https://letrad.blogspot.com/
Catarina Alves de Sousa
11/12/2018 at 2:42 PMA minha atracção também é por países europeus, especialmente os do Norte. 😛
Se gostas de montanhas, tens que ir aos Alpes (quaisquer uns, França, Suíça, Itália…) ou ao Tirol (Áustria), por exemplo. Eu quero MUITO ir às Dolomitas (Itália). Amo a combinação de montanha + lagos. É a minha perdição. 🙂
Margarida Lozano
11/12/2018 at 2:02 PMRevejo-me muito no que a Catarina Gralha escreveu. Se for para conhecer o mundo inteiro “I’m in”, porque adoro explorar, conhecer outras culturas e até investigar… mas sem pressas e pressões… Vai depender do que cada um procura alcançar.
Há países que nos chamam mais que outros, e ultimamente tenho reparado que há determinadas fases da minha vida que me mostram que aquele país “x” e/ou “y” está mais connectado com o momento. Peru foi um dos exemplos e mais tarde vim a saber porquê. E acredita, a Escócia anda a “piscar-me” há algum tempo… não posso ignorar por muito tempo 🙂
Gostei muito do teu post.
Um beijo
Catarina Alves de Sousa
11/12/2018 at 2:43 PMEspero que consigas ir em breve, Margarida! Sou (muito) suspeita, mas acho que vale mesmo a pena!
No meu caso, o meu fascínio pelos “meus” países mantém-se desde sempre, por isso acho que é amor mesmo antes da primeira vista! 😀
Se depender de mim, a seguir vou à descoberta da Escandinávia!
Vânia
11/12/2018 at 9:27 PMIdentifico-me com a nossa Europa e por aqui sinto-me segura (porque enfim, é o nosso contexto, sem variações muito extremas) mas gosto também de me expor a experiências que me permitam contactar com realidade sociais e culturais completamente diferentes da minha. Não vivo obcecada com isso, não poupo os tostões todos para tal e vou viajando à medida que surgem oportunidades e vontade. Gostava de conhecer muito mais, mas tenho uma bucket list com pelo menos um lugar em cada continente e tal como sei onde quero ir, já percebi que há meia dúzia de contextos/países que não me entusiasmam particularmente, portanto dificilmente vou aí investir o meu dinheiro. E sim, poderá ser mais impactante em termos de experiência uma ou duas semanas num determinado local do que andar a saltar a cada dois dias de cidade/país. Ainda assim, cada experiência vale para cada pessoa à sua maneira e de acordo com as suas expectativas. Não temos que ser todos ávidos exploradores do mundo, temos sim que perceber o que gostamos, o que nos faz sentir bem e saber agir de acordo com isso. Acho muito bem que tenhas puxado o assunto. 🙂
Sara
13/12/2018 at 7:12 PMRevejo-me imenso no que escreveste. Principalmente na Escócia. É o meu número 1 da lista, e continua a ser, apesar de já estar a planear a quarta viagem à Escócia. Perguntar-me sempre porque estou sempre a voltar, porque não vou a outros lados, mas o meu coração sente-se em casa lá.
Também adorei a Irlanda, tenho que voltar com mais tempo. Mas a Noruega foi uma grande desilusão para mim.
Beijinhos
Carolayne Ramos
09/01/2019 at 1:58 PMCompreendo tão bem essa sensação, embora tenha viajado pouco! Mas, dos locais que já conheci, tenho vindo a perceber que “só” vale a pena conhecer os países/cidades que nos chamem realmente a atenção… Tal como acontece com os livros: de que vale só ler pela capa? E o conteúdo? 🤔
Tenho uma lista pequena, mas generosa, de lugares pelos quais tenho mesmo de passar, antes de ir desta para melhor e mal posso esperar! 💝
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Fernweh pela Escócia - Joan of July
08/11/2019 at 11:13 AM[…] intenso de viajar e explorar o Mundo. Não, não é bem isso, como, aliás, já expliquei que não quero viajar pelo mundo todo. O que sinto pela Escócia não é […]