Outubro chegou. Este ano tenho sentido as últimas estações como híbridos; um verão a meio-gás, depois intenso e agora parece não querer sair de cena. Eu, como filha do verão, adoro-o, mas divido esse amor entre ele e o outono. Como fiz praia muito cedo este ano (e depois quase não repeti), senti-me muito cedo preparada para abraçar uma estação mais fria, já que abri a livraria e férias com praia agora só no próximo ano.
Ou seja, por aqui já sinto Fall Vibes há muito tempo, mais cedo do que nunca. Aqui entre nós, sinto que fiquei com algumas sequelas daquele outono que perdi, em 2019, por conta de uma lesão grave.


Assim, ainda a meio de setembro, decorei a livraria de abóboras, folhas, bolotas e livros alusivos ao outono. O iced coffee foi substituído pelo destaque ao Pumpkin Spice Macchiato (não Latte, pelo menos aqui) e volta e meia a minha Yankee Candle de ‘Golden Pumpkin’ aromatiza o ar à volta da minha secretária de trabalho aqui na livraria.
As noites estão a chegar cada vez mais cedo e a luz da manhã mostra-se cada vez mais fria. As árvores a caminho de casa exibem uma folhagem em clara transição do verde para os vermelhos outonais. É bonito.
Dentro e fora da Story Owl, tudo começa a vestir-se de tons de laranja, amarelo, castanho, vermelho. Tons quentes a contrastar com o frio que chegará em breve.


Faço TBRs (To Be Read) de outono, começa um novo Clube do Livro Dark Academia aqui na livraria. A pouco e pouco, a vibração do verão dá lugar a um recolhimento cada vez mais frequente e a uma procura por aconchego que se vai traduzindo em pequenos confortos do nosso dia a dia. O chá que já se volta a querer quente, a primeira manta extra por cima de uma cama previamente feita apenas de lençóis frescos, animais de estimação que voltam a procurar o nosso colo, aquele casaco que já nos acompanha para ser vestido ao fim do dia, quando saímos do trabalho.
Outrora, as estações mais frias estiveram associadas ao interior, de nós mesmos e dos nossos lares. É, sem dúvida, uma altura em que buscamos recolher e fugir das intempéries. Sinto muito que aqui, em Portugal, pomos um bocadinho a vida comunitária e social de lado e nem temos um clima assim tão agreste quanto isso. Por isso é que, quando viajo até países europeus mais acima do nosso, me espanto e maravilho com as atividades que mantêm – e que até se intensificam – durante os meses frios.



Lembro-me, por exemplo, de estar num pub em Edimburgo em 2023, e de assistir a um grupo de folk a tocar naquele ambiente intimista em que todos se sentiam envolvidos pela música e pelas suas bebidas de eleição. Lembro-me, acima de tudo, de me sentir parte de algo, de uma pequena comunidade. Notava-se que era um hábito, não um acontecimento sem repetição. É isso que quero para a Story Owl. Já temos vindo a implementar a ideia que todos os sábados há algo a acontecer no nosso palco e temos mantido uma programação cultural desde o início. Estou desejosa de sentir os nossos eventos durante as noites de outono e inverno.
Eu vinha aqui só escrever umas linhas para justificar encher um post destas fotos lindíssimas que a Letícia Fracolossi tirou ao nosso espaço numa tarde de sábado em setembro, mas acabei por me inspirar e filosofar um pouco acerca da passagem das estações. E que delícia é ainda me espantar pela passagem do tempo e pelas mudanças que cada estação traz consigo.

Que continue a sentir-me inspirada por elas durante muito tempo. E já, agora, pela Story Owl também.
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