O que há de especial na noite de São João?

Santo António já se acabou
O São Pedro está-se acabar
São João, São João…

… bem, também já acabou há uma semaninhas, mas este ano foi muito especial para mim. A última vez (antes desta) que tinha ido à noite de São João (noite de 23 para 24 de Junho) no Porto foi em 2013 e, desde então, as coisas mudaram significativamente para mim. Se, na altura, estava desempregada e a tentar arranjar emprego depois de estar um ano nesta situação, este ano pedi um dia de férias para gozar o São João à vontade.

A verdade é que, quando era pequena e quando morava no Porto, nem ligava assim muito a esta festa.

Talvez a única semelhança que mantenho relativamente à época em que não lhe ligava grande coisa, seja o fascínio – que esse sim, sempre existiu – pelos balões que são lançados às centenas durante toda essa noite.

O processo de acender um balão de São João é, para um portuense, todo um ritual que alia a destreza à sorte, pois nunca se sabe se o vento não vai estragar os planos de iniciar o voo do balão e o incendeia antes de atingir mais que uns poucos metros acima da cabeça do lançador de balões.

Este ano, enquanto me estava a arranjar em casa da minha mãe, no Porto, para sair e desfrutar da noite de São João, reparei que o céu, através da janela, se enchia rapidamente de luzes vermelhas. Os balões subiam lentamente, primeiro um, depois outro e outro, até que já eram às dezenas. Ao mesmo tempo que abri a janela, reparei que o vento transportava até aos meus ouvidos várias gargalhadas e vozes altas. Reconheci como por instinto a alegria típica desta noite e que (pelo menos desta forma) não se repete em mais nenhuma do ano.

E assim senti, como que por magia, um sentimento inexplicável, mas muito feliz, suave e morno a invadir-me e não pude deixar de sorrir por dentro e por fora.

Acabei de me arranjar e saí para a noite.

A noite em si foi maravilhosa. Fui para a baixa e voltei para a casa a pé, sem nunca me preocupar sequer com questões de segurança. Com tanta gente na rua, nunca me senti sozinha, observada, ou em qualquer perigo. Já disse que adoro quando imensa gente sai à rua ao mesmo tempo? Não em multidão insuportável, claro, mas gosto quando saio à noite e há realmente pessoas na rua.
De qualquer modo, por fantástica que tenha sido a noite, a melhor memória que vou guardar do São João deste ano é a antecipação da noite, o sentimento mágico que me invadiu vindo não sei de onde e que me fez sentir tão bem.

É por isso que, para o ano, faço questão de voltar e de acender um ou dois balões pela primeira vez.

E vocês, já alguma vez foram ao São João no Porto? Sentiram algo semelhante ao que descrevi? 🙂