Escócia: vacas escocesas e cascatas inesperadas

Eu bem disse que os relatos da Escócia ainda não tinham terminado. Durante a viagem, tirei mais de 1400 fotos, as quais agrupei em pastas de acordo com as várias fases e paragens. Não se preocupem, que não vos vou maçar assim tanto, mas não podia deixar este capítulo de fora. É que, às vezes, as paragens inesperadas acabam por ser as melhores. Tal como esta.

Lembro-me vagamente de termos parado num sítio qualquer após a paragem no castelo de Drumnadrochit e a caminho de Fort Augustus, se não estou em erro. Não me lembro se parámos por termos visto vacas ao longe ou por estarmos à procura de WCs.
Mas porque é que alguém pararia para ir ver vacas? Não temos vacas em Portugal também?
Sim, temos, confirmo, mas eu já fui para a Escócia com a esperança de ver as famosas vacas escocesas.

Confesso que estava com medo de não me cruzar com nenhuma e que fosse apenas um cliché de fotos de Pinterest, se é que me entendem. Às vezes, há certos animais e acontecimentos que são popularizam como ex-líbris de países e cidades que, depois quando lá estamos, descobrimos que são raríssimos.

 

Mas não foi o caso das Scottish Cows e esta não foi a última vez que as vimos na nossa viagem, mas foi certamente a primeira e, por isso, a mais importante e digna de um desvio relativamente ao nosso plano desse dia.

Chegando a este sítio numa localidade cujo nome não me vem à memória (e que nem posso garantir que alguma vez tenha lá sido gravado), parámos os carros e aproximamos-nos delas.

Eram iguais às do Pinterest! Lindas vaquinhas-pónei, como eu lhes chamo. Nem preciso de explicar porquê, pois não? Não são “pónei” por serem pequenas, mas antes pelo pêlo a cobrir-lhes os olhos e, bem, pela extrema fofura. Digam lá se não são a coisa mais gira de sempre? 😀

A seguir, já que lá estávamos, decidimos ir explorar as imediações. Quem nunca esteve nas Highlands não sabe o quão fantástico é o facto de, em qualquer sítio, podermos facilmente “esbarrar” com uma cascata maravilhosa ou uma montanha imprevista, tapada por tantas árvores que nem dava para adivinhar que lá estava.

A natureza das Highlands ainda é a verdadeira dona e conquistadora do território, domada pela presença humana apenas até onde permitiu.

A terra estava molhada – claro, pois estava sempre a chover -, por isso tivemos que avançar com cuidado para não escorregar na lama. Apenas uns passos depois, pelo meio das floresta, ouvimos distintamente o som da água a cair. Percebemos logo que se tratava de uma cascata.

Não era a mais imponente das que vi nas Highlands, mas tal como as vacas, também foi a primeira que vi. Havia uma ponte por cima da cascata que daria inveja a qualquer habitante da Terra Média. O que havia também era uma pedra, um memorial, quase um aviso, junto à água. Pelos vistos, houve uma rapariga que morreu naquele local, não sei se por ter caído nas pedras ou se por se ter afogado. Sim, que a terra é traiçoeira, nunca se sabe se – com a chuva – vai ceder e trair os nossos pés, por mais seguros que nos possam parecer os nossos passos.

Ainda assim, sentei-me com cuidado numa pedra junto à cascata e apreciei a sua força e a sua natureza indomável, ainda sem saber que veria pelo menos mais duas com uma força pelo menos dez vezes superior.

Mas as cascatas não se medem aos palmos e a beleza é para ser apreciada, seja de que forma se manifestar. 🙂

Se quiserem ver e ler os restantes relatos da minha viagem à Escócia, cliquem aqui. 🙂