Se alguma vez conhecerem alguém que diz não ter medo de nada, fujam. Se a virem do mesmo lado da estrada atravessem. Pessoas sem medo, são pessoas a quem falta um laivo de humanidade, são sociopatas do pior. A completa ausência de medo não é um sentimento normal, de um ser humano funcional. Por isso, não me digam que eu não tenho medo e que sigo sempre em frente com os meus projectos e com as minhas ambições. Cito Elizabeth Gilbert quando vos digo: eu não sou isenta de medo, eu sou corajosa.
“I’m not fearless, I’m brave.”
– Elizabeth Gilbert
Aos que guardam sonhos na gaveta por medo, eu só queria que soubessem duas coisas:
- É normal ter medo; parabéns, não são sociopatas!
- O medo é uma reacção normal e espontânea face ao desconhecido ou a situações pelas quais já antes passámos e que, na altura correram mal.
No fundo, o medo é nosso amigo. É a voz que nos diz ao ouvido “espera, já pensaste bem nisto? Tens a certeza de que isto é boa ideia?”
Não temos que ter medo do medo. Temos que dialogar com ele como se de um velho amigo se tratasse, porque ele é nosso amigo. Eu não penso no medo como uma entidade maléfica que só existe para me impedir de fazer o que quero. Eu penso nele como alguém que, como um pai ou uma mãe, só me quer proteger e impedir que eu me magoe ou experiencie dor – física ou psicológica – seja de que forma for.
Mas tal como fazemos com os nossos pais na adolescência, temos que o desafiar. Dizer “sim sim” e fugir pela janela à noite, depois de todos estarem a dormir. Metaforicamente.
“Fear […] we yield to it or we fight it, but we cannot meet it halfway.”
– Shirley Jackson, The Haunting of Hill House
Esta citação da autora do livro “A Maldição de Hill House” é tudo de bom. Shirley Jackson diz que, face ao medo, só temos duas opções: submetermo-nos a ele ou lutar contra ele; não existe meio-termo.
O pior que pode acontecer é falhares. E quê? Não se pode ganhar sempre, não se pode ser sempre bem sucedido. Nunca perder nem falhar não nos ensina nada.
Se sofrem deste “mal”, e por “mal” refiro-me a não conseguir ultrapassar o medo, não ao medo em si, têm mesmo que ler o livro Big Magic: Creative Living Beyond Fear, da Elizabeth Gilbert (citada neste post), especialmente se o vosso bloqueio do medo tem limitado a vossa expressão criativa.
Se têm medo que os outros vos julguem ou que julguem o vosso trabalho, não estou aqui para vos dizer que não o vão fazer. Isso vai acontecer sim. E tudo bem! É o que nós fazemos, somos humanos e não tem mal nenhum.
Antecipa os cenários que tiveres que antecipar na tua cabeça, mas não deixes de fazer nada (dentro do bom senso) só porque tens medo.
“Ser corajoso não é não ter medo. Eu tenho medo(s), muitos mesmo e sinto também o sussurrar daquilo que hoje em dia tem o nome de Síndrome do Imposto. No entanto, eu avanço apesar de tudo”
– (fui eu que o disse aqui).
Outros posts relacionamos com a temática do medo:
- Mas afinal, o que é uma mulher-coragem? eu sou uma mulher-coragem?
- Os meus 8 momentos mais corajosos de 2017
- Sobre ultrapassar medos e 2 acontecimentos que me estavam a causar ansiedade
Este post foi escrito para o Projecto 1+3. Saibam mais sobre esta iniciativa maravilhosa da Carolina aqui!
2 Comments
Na Semana que passou… – So Happy with Less
16/01/2019 at 9:51 PM[…] cabeça: a vida resolve-se sempre! O que li e me inspirou: – Este post sobre o Medo da Catarina do Joan of July, onde refere um livro que tenho muita curiosidade em ler. O que me fez […]
Na Semana que passou... - So happy with Less
06/05/2020 at 3:42 PM[…] Este post sobre o Medo da Catarina do Joan of July, onde refere um livro que tenho muita curiosidade em ler. O que me fez […]