Ultimamente tenho falado imenso sobre coragem, eu sei, e correndo o risco de vos maçar, sinto que tenho mesmo que celebrar o fim de semana passado, que foi repleto de conquistas. Não tenho outra forma de o dizer: antes da passada sexta-feira (dia 8) passei semanas e semanas a sofrer por antecipação.
Se leram este post, basta dizer-vos que andava a ouvir demasiado a voz da ansiedade.
Há certos momentos e ocasiões que me deixam mais ansiosa, mas deste caso era dois:
- apresentar o meu livro no Porto;
- fotografar um casamento inteiro sozinha.
Sexta-feira, 8 de Setembro, a apresentação do “Licenciei-me… e agora?” no Porto
Se é verdade que já tinha feito uma apresentação em Lisboa, em Julho, também é verdade que nem por isso fiquei mais calma quando se aproximou a altura de a fazer no Porto. Creio que a razão de tal desconforto se prendia com o facto de ser num local onde muita gente – ou nenhuma – poderia aparecer do nada. Em Lisboa conhecia quase toda a gente, na apresentação do Porto só conhecia a minha família e alguns amigos (poucos) que puderam ir.
Como preparação escrevi uma folha cheia de cábulas, que são no fundo um fio condutor de tópicos que queria abordar quando chegasse o meu momento de falar. Depois da apresentação maravilhosa e irrepreensível da Raquel Caldevilla, tinha que estar à altura. Porém, quando o momento chegou… deixei as cábulas.
É o que eu faço sempre; escrevo as coisas em ordem porque o exercício me acalma. Acalma-me saber que, se me der uma branca, não fico sem nada para dizer. Por outro lado, quando chega a altura de falar entusiasmo-me e tudo sai naturalmente, sem precisar de olhar para o papel.
Mesmo sabendo que assim é, prefiro tê-lo comigo do que não tê-lo de todo. Escrever antes de uma ocasião destas lembra-me de quando estudava para os testes a tirar ou a copiar apontamentos. Sempre me dei melhor em tudo quando tinha a oportunidade de escrever. As coisas entram melhor na minha cabeça desta forma.
Sempre foi assim e assim continuará a ser. Desde que saiba que é o que funciona comigo, está tudo bem! 🙂
Quanto à apresentação em si, gostei! O ambiente era muito familiar, mais intimista e – atrevo-me – confortável. Sim, não foi tanta gente a este como a que foi ao evento em Lisboa, mas já era esperado. A verdade é que já não tenho assim tantos amigos no Porto; muitos emigraram e outros “perderam-se”. Afinal, já são doze anos a viver em Lisboa…
Mas sim, gostei, gostei muito. Gostei de conhecer pessoas que não conhecia antes, de falar com elas, de assinar livros, adorei que a minha família e alguns amigos lá estivessem, adorei que tivesse sido na “minha Fnac” do “meu shopping” do Porto… Enfim, foi mesmo especial para mim, acreditem. Adorei esta noite e ter ido jantar com a família antes do momento em si. Ajudou-me a acalmar um bocadinho.
Oh, e gostei tanto, mas tanto de ouvir a Raquel a falar! Ela é só a pessoa mais querida e simultaneamente engraçada de sempre.
Estas fotos maravilhosas e pelas quais estou eternamente grata foram tiradas pela Catarina. Obrigada, Cat, por teres estado presente e por teres registado este momento tão importante para mim!
Sábado de descanso e passeio, muito passeio
Na semana passada só tive um dia de descanso, que foi sábado (dia 9). Claro que aproveitei para viver um bocadinho a minha casa, a minha cidade e… a Feira do Livro! A Feira do Livro do Porto agora acontece em Setembro e voltou a ser no Palácio de Cristal, após anos a ter lugar na Avenida dos Aliados. Gosto muito mais quando é no Palácio de Cristal.
Em suma, fiz três coisas na Feira do Livro:
- Comprei finalmente os contos da Beatrix Potter;
- Fui ver o “Licenciei-me… e agora” na Alêtheia em plena feira (é algo muito especial vermos o nosso livro na Feira do Livro da nossa cidade, como podem imaginar);
- Fui com a minha mãe comprar ilustrações antigas num stand de um alfarrabista. As nossas duas ilustrações são de senhoras francesas de início do século XX (se não me engano). A minha vai ficar ao pé do meu toucador. Depois mostro-vos no Instagram! 😀
À noite, depois da visita à Feira do Livro, fui jantar com a minha mãe e levei-a ao espectáculo “Morrer Estúpido” do Guilherme Fonseca. Pessoal, se querem rir como uns perdidos e abanar a cabeça porque se identificam com muitas das coisas que são ditas em pleno espectáculo, arranjem forma de ir ver o “Morrer Estúpido”. Vale mesmo a pena!
Domingo, o primeiro casamento para fotografar e a minha relação de amor-ódio com a condução
Se a ideia de apresentar o meu livro no Porto já me activava a ansiedade, a ideia de fotografar um casamento e ainda por cima sozinha, fazia-a disparar mais que tudo.
Não preciso de vos falar do tamanho da responsabilidade envolvida num trabalho destes, pois não? É que… e se tirar fotos terríveis? São as únicas que os noivos vão ter para recordar o dia mais marcante das suas vidas enquanto casal. E se acontecer alguma coisa ao cartão de memória? Idem aspas. E se, mesmo que tudo corra bem no dia do casamento, os noivos não gostarem das fotos?
Creio que já perceberam a fonte da minha preocupação.
A juntar à minha preocupação intensa por antecipação, ainda tinha outra: como vou e venho de lá?
O casamento era para os lados de Vila do Conde e a casa da minha mãe (onde fico quando vou ao Porto) fica perto do centro do Porto. Não podia contar com os transportes para aquela zona nem com Ubers e Taxis (as aplicações não cobrem aquelas zonas e mesmo cobrindo era caríssimo). Por outro lado, também não queria pedir boleia a nenhum convidado, não me parecia muito profissional.
Então, a solução desenhou-se clara e inequívoca: pedir o carro emprestado à minha mãe.
Não acho estranho se não souberem que conduzo, pois nunca falo disso. Cá em Lisboa não o faço nem preciso (embora tenha tirado a carta cá), mas no Porto ando de carro bastantes vezes. Passam-se vários meses sem que conduza de todo, mas quando se conhece bem o carro também é mais ou menos como andar de bicicleta: não se esquece.
No entanto… tenho uma espécie de bloqueio mental no que diz respeito a conduzir na autoestrada. Não sei porquê, não resultou de nenhum trauma nem nada, simplesmente assusta-me, sei lá porquê.
Mas, sabem, a ideia de levar o carro para o dia do casamento estava a deixar-me mais tranquila do que a ideia de não saber ao certo como ir para lá e voltar para casa, mesmo tendo que conduzir na autoestrada.
E então assim fiz; peguei no carro e lá fui eu. Liguei o GPS e – sim – fui e vim pela autoestrada. Sobrevivi e não bati, nada aconteceu e a vida continuou. Era só isso que pedia. Ahahah.
O trabalho no casamento, deixem que vos diga, foi exaustivo e muito cansativo a nível físico. O meu material é bastante pesado e foram muitas horas e muitas dores de costas, mas sabem uma coisa? No final, quando cheguei a casa estava feliz da vida. Feliz por poder ter acompanhado de tão perto um casal no dia do seu casamento, felizes e com a vida toda pela frente. Fiquei feliz por me terem escolhido a mim para documentar o seu dia, fiquei pelas fotos que consegui captar, pelo voto de confiança, pela aprendizagem e – claro – por ter ultrapassado o medo da autoestrada em prol do benefício.
Depois disto tudo e à luz deste texto que escrevi, acho que é seguro assumir:
Caraças, sou uma mulher de coragem sim!
Mesmo que não ande a travar guerras e os meus desafios possam ser minúsculos à escala de outros bem piores, são os meus e- mesmo com medo – avanço e ultrapasso-os.
3 Comments
Ana Filipa Comendinha
14/09/2017 at 9:21 PMCuriosamente eu prefiro conduzir em auto-estrada 😛 Faz-me confusão é conduzir no meio de cidades que não conheço.
m-M
19/09/2017 at 5:07 PMParabéns! 🙂
É continuar em frente 😉