Ui, mas que se passa para vir cá escrever pelo terceiro dia consecutivo? Estarei doente? Não, que eu saiba não, mas acabei de sair de um período de convalescença pós-neura. Sim, isso é um estado real. Andei aí umas semanas a desperdiçar demasiado tempo da minha vida a dar demasiada atenção a coisas que me deixam em baixo e desanimada. Toda a gente sabe que a vida não é propriamente justa, pelo menos justa no sentido de nos trazer aquilo que achamos que merecemos, mas aí temos que nos distanciar um bocadinho e tomar uma decisão:
- deixar que isso nos afecte e remoer o assunto até à exaustão de forma a andarmos frustrados o tempo todo;
- assumir que há pessoas que se vão safar muito melhor que nós porque recorrem a manhas que nós – pessoas honestas e incorruptíveis – nunca seríamos capazes de usar e nem queremos e… seguir em frente.
Ora, eu optei pelas duas opções, mas em alturas diferentes e exactamente nesta ordem, ou seja, agora estou na fase em que já segui em frente.
Se estão a meio de uma neura e se sentem injustiçados por alguma razão, não desesperem. Vai haver um dia em que vão acordar – como eu acordei hoje – e vão finalmente conseguir reconhecer que “hey, afinal não me safo nada mal“.
Vão perceber que têm algo muito mais valioso que as pessoas que invejam por terem tudo de mão beijada e vão começar a dar valor ao vosso trabalho mesmo que (aparentemente) ninguém dê. Vão começar a conseguir admitir as vossas vitórias e conquistas e, ao fazê-lo, vão ganhar forças para continuar porque, caraças, vocês são fantásticos. NÓS somos fantásticos. E ninguém nos pode tirar isso mesmo que não nos dêem nada em troca. E sabem que mais? Nem têm que dar!
No final de contas, a verdade é que (nós, a geração Millennial, já agora) nos habituámos a ter gratificação quase instantânea por tudo de bom que fazemos na vida, de tal forma que nos esquecemos de que as coisas que fazemos continuam a ter o mesmo valor mesmo que não recebamos uma ovação de pé por cada peidinho que dermos. Que se lixe a validação dos outros. Se formos incapazes de ir buscar validação a nós próprios, de que serve que todas as outras pessoas reconheçam o nosso valor se somos incapazes de o fazer sozinhos?
É esta a reflexão de hoje. Sinto isto com tanta força que tive que deixar o desabafo aqui no blog. Vou tão revisitar este texto quando precisar de uma chapada mental. 🙂
Foto: eu pela Joana Magalhães @ Arthur’s Seat, Edimburgo, 1 de Maio 2015
16 Comments
Daniela Salvador
29/04/2016 at 1:29 PM“NÓS somos fantásticos. E ninguém nos pode tirar isso mesmo que não nos dêem nada em troca. E sabem que mais? Nem têm que dar! ”
Este e que deve ser sempre o lema de vida 🙂
joan of july
02/05/2016 at 1:02 PMPassou a ser o meu. 😀
Joana Sousa
29/04/2016 at 1:42 PMDamn. É tão isso, moça. E sim, é frustrante pa c***lho ver essas injustiças a acontecer, but…we know what we’re worth. E deitarmo-nos À noite de consciência tranquila é a melhor coisa do mundo. E ter Educação, no verdadeiro sentido da palavra, também. Darmos o melhor de nós e pronto 🙂
Jiji
joan of july
02/05/2016 at 1:01 PMIsso tudo, Joana! Sem tirar nem pôr. <3
Daniela
29/04/2016 at 5:45 PMAi, estou a passar uma fase assim, mas contrariamente a ti, a mim deu-me para me afastar do blog até…
joan of july
02/05/2016 at 1:01 PMOhh, que pena, gosto tanto do teu blog. 🙁 Mas vai passar, tudo passa, vais ver. Força :*
Maria
29/04/2016 at 10:11 PMA última grande neura que eu tive também passou por estas duas etapas. O que me safou nisto tudo, apesar de ainda estar um pouco aborrecida com a situação, é que a fase de maior afectação só durou umas 48h.
E é isso mesmo. Por mais pequena que seja a “batalha” que vencemos, deviamo-nos orgulhar de o termos feito, por mais que outras pessoas nem reparem nisso. Mas a verdade é que é aborrecido, até dizer chega, quando os nossos esforços são completamente ignorados.
joan of july
02/05/2016 at 1:01 PMSim, é muito chato quando não somos reconhecidos pelas coisas boas que fazemos, mas acho que pior ainda é nós próprios não conseguirmos reconhecê-las, não concordas? Foi precisamente isso que aprendi a fazer. E, às vezes, chega perfeitamente. :)*
Maria
08/05/2016 at 10:26 AMSim sem dúvida. Mais do que se possa pensar, a ideia de nós mesmos é muito mais importante para nós do que a opinião de terceiros, quem quer que sejam essas pessoas.
Vânia
29/04/2016 at 11:05 PMSim, às vezes há acontecimentos que nos angustiam mas acho que no final de contas não há nada melhor do que deitar a cabeça no travesseiro e poder dormir sabendo que demos o melhor de nós, no matter what! 😀
joan of july
02/05/2016 at 12:59 PMTens toda a razão, Vânia! Não há nada mais reconfortante. 🙂
Marta Chan
30/04/2016 at 12:39 AMÉs forte miuda, não é fácil a injustiça ali, diante dos nossos olhos, e não podermos fazer mais nada. Dói, é cruel, mas o que não seria a vida senão este turbilhão de emoções? Esta montanha russa que nos mete em baixo para logo a seguir virem 3 loppings? Lembra te das janelas abertas quando a porta é fechada.
Beijinho grande <3
joan of july
02/05/2016 at 12:58 PMQue bonitas palavras, Martinha, orbigada. <3
"Esta montanha russa que nos mete em baixo para logo a seguir virem 3 loppings" --> tão verdade. 🙂 E nem teria piada se assim não fosse, não é verdade?
Mariana Monteiro
04/05/2016 at 9:10 PMCatarina, é tão verdade o que disseste e já sabes que tenho a mesma opinião que tu.
Passamos grande parte do nosso tempo à procura da aprovação ou validação dos outros para avaliarmos nós próprios depois aquilo que fazemos e isso é tão errado.
Termos confiança naquilo que fazemos e seguirmos os nossos valores é o melhor que temos para contornar aquelas alturas em que as neuras podem estar para chegar 🙂
(vou guardar este post, porque às vezes também preciso de uma chapada mental :p)
Analog girl
06/05/2016 at 8:43 AMCompreendo tão bem estas fases e estes sentimentos. Mas conseguimos superá-los e transformá-los em coisas mais positivas. E nada como olhar para nós, realmente, para nos ajudar a viver estas fases menos boas. Olhar para nós para reconhecer o problema, olhar para nós para sabermos o que e quem queremos ser, olhar para nós e valorizarmo-nos, olhar para nós e perdoar-nos…
Parece tão simples… 🙂
Fazer isto é que é complicado.
Anna Del Mar
10/05/2016 at 6:05 PMMelhor do que “palavras que nos beijam” só palavras que nos despertem mais depressa. Sim, há dias em que tardamos um pouco mais a despertar com um “hey, fica na tua e segue em frente”.
Obrigada por este post tão cheio de conteúdo.
O teu blog está lindíssimo. Parabéns pelo bom gosto. 🙂
Anna Del Mar
http://cabelosaoventooo.blogspot.pt