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O Girls Lean In de ontem, a gestão de tempo e a ambição

Cada vez suporto mais a minha teoria de que “toda a gente tem tempo, não sabe é geri-lo”. Desculpem estar a ser tão radical, até porque sei que há excepções, mas não vejo razão para uma pessoa com uma vida parecida com a minha a nível de horas de trabalho e vida social não conseguir encaixar na sua agenda outras actividades para além de casa-trabalho-casa.

Girls Lean in #5

Então ontem, depois de ter estado a ouvir o percurso da Joana Mendonça descrito pela mesma no encontro do Girls Lean In, acabei o dia com esta crença reforçada.
Para quem não sabe, a Joana faz 10.000 coisas e não é por isso que deixa de ter tempo para todas elas e para a vida pessoal. Portanto, se a Joana consegue, porque é que eu ou outra pessoa mais ou menos como eu não havemos de conseguir?

“Não tenho tempo para nada!”

Bench, Chat, Chatting, Chilling, Communication, Friends

Sou da opinião que ao nos metermos em 10 projectos, provavelmente não vamos conseguir dar 100% de nós a todos eles, mas devemos enveredar por algo mais, algo extra. Isto, claro, se sentirmos desejo/necessidade de o fazer. Nem toda a gente sente – e não tem mal nenhum! -, mas ouço muita gente dizer-me: “ah. que giro! Quem me dera ter tempo para:

  • criar um blog…
  • … uma loja online
  • … um pequeno negócio
  • fazer um curso de fotografia
  • ler,

… and the list goes on.

Foi absolutamente inspirador ouvir a Joana falar sobre empreendedorismo com um brilho nos olhos que não dá para fingir. É algo de que se gosta ou não. Tão simples quanto isto. A paixão vê-se, a entrega sente-se e a ambição também.

Por falar em ambição…

Backpack, Blur, Bus, City, Crowd, Diversity

Durante o encontro Girls Lean In de ontem dei por mim a pensar que nós – as mulheres presentes (também estavam dois homens, atenção!)- , apesar de poucas, escolhemos todas estar ali por algum motivo. Acredito que o principal seja o desejo de saber mais, de deixarmos que o sucesso de outra pessoa inspire o nosso. Porquê? Porque é algo que ambicionamos alcançar nesta vida.
Cada vez mais para trás estão a ficar os dias em que as mulheres tinham que estar em casa a tempo para fazer o jantar ao marido a tempo de jantarem às 8. Mas, claro, tal como a gestão do tempo, também há excepções. Como disse ontem a Joana:

“Toda a gente compreende um homem que trabalhe muito ou viva para o trabalho, mas raras são as pessoas que aceitam uma mulher assim.” 

–  Joana Mendonça @ Girls Lean In

São poucos, mas bons. Um parceiro que entenda uma mulher que quer uma vida normal, preenchida e cheia de sucessos, só pode ser digno de “agarrar”.
Afinal, só pode ter sido um homem (assim meio para o “def”) a inventar que as mulheres tinham mais jeito para passar a ferro.

Claramente nunca me conheceu e, que eu saiba, todos temos mãos. Passar a ferro é tudo menos “rocket science”.

“As mulheres não estão em desvantagem”

Outro ponto de vista que a Joana partilhou ontem foi que não acredita que os homens estejam em vantagem relativamente às mulheres em contexto profissional, porque tal como “há homens que são maus trabalhadores, há mulheres más trabalhadoras”. Ora bem!

Já que este blog é meu, vou dar-vos a minha opinião mais sincera. Eu acho que os piores inimigos das mulheres, por vezes, são outras mulheres.

“Como assim?…”

Introduzi este assunto pela primeira vez aqui no blog no post “Crónica existencial #3: sobre a polémica da Jessica Athayde e a falta de ambição feminina”. É muito simples.

Muitas mulheres ainda se deixam envolver em mesquinhices porque invejam a beleza, namorado/marido, vida e bebés das outras, mas essa mesma ambição não é sentida relativamente à carreira profissional e skills relacionados com o trabalho.
Porque não cobiçamos mais a inteligência e menos a beleza, por exemplo? E aqui vou-me repetir, mas sinto que esta citação se encaixa perfeitamente neste tópico:

We raise girls to see each other as competitors
Not for jobs or for accomplishments
Which I think can be a good thing
But for the attention of men

– Chimamanda Ngozi Adichie

A vida é muito mais do que maridos, cabelos e unhas. E mesmo assim, sabem que mais? Nem sequer têm que optar. A ideia é mesmo essa. Nós podemos ter tudo, tal como os homens sempre tiveram.
Não quero, com isto, incentivar movimentos de supremacia feminina, até porque não acredito neles. Feminismo é igualdade, não é uma desculpa para termos acesso especial a tudo e mais alguma coisa.
Este tipo de iniciativas – como o Girls Lean In – promove precisamente a igualdade entre géneros (por isso é que incentiva também a participação de homens) e é de mais eventos e movimentos destes que precisamos para estimular e inspirar noutras mulheres o espírito da ambição (sempre saudável) relativamente às suas carreiras e vidas profissionais.

Na altura eu, a Carol e a JD tiramos esta foto no trabalho (na hora de almoço, ok?) para a “capa da Forbes”. Era uma brincadeira, claro, mas a ambição é sempre real. 😉

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3 Comments

  • Reply
    Ana
    30/01/2015 at 9:00 AM

    Ui!! Isto dá pano para mangas!!!! (tens noção que te arriscas a uns quantos comentários radicais, certo? 🙂 ).
    Vamos lá por partes:
    – Falta de tempo – concordo a 100% para além de achar que é moda uma pessoa andar sempre a dizer que tem milhões de coisas para fazer. Se queres fazer, fazes. Se não fazes é porque não te interessa assim tanto. Eu assumo que não tenho tempo porque sou uma péssima gestora da minha agenda. A culpa não é da minha casa ou da familia, porque já entramos num esquema em que tudo rola sozinho, ou quase. A culpa é minha porque também sou uma excelente procrastinadora. 🙂 Pronto, já disse.
    – Feminismo, mulheres melhores/piores que os homens – sou contra a igualdade, ponto. Se as pessoas são tanto pela igualdade, então porque não vês mulheres a trabalhar nas obras? (sim, a comparação é fraca, mas vale tanto como as outras). Vá lá a ver, a igualdade não pode existir pelo simples facto de que cada um foi feito para determinadas tarefas. Não estou a tirar créditos às mulheres, apenas acho que se dorme demasiado na forma porque “ah e tal, sou mulher e por isso tratem lá de mim). Nada disso. Só me faz lembrar a treta das quotas na AR ou noutros sitios: afinal estão lá porque são mulheres ou porque valem para lá estar?
    Quanto à parte do “mulher a passar a ferro/fazer outras coisas; homem a ouvir o relato com a mini na mão” isso é culpa das mulheres. Eu assumo, em minha casa sou eu que faço quase tudo mas pelo simples facto de que não sei delegar e porque acho que só eu é que vou fazer direito (leia-se “à minha maneira”) Por isso é que arrumo a cozinha, passo a ferro. Mas também por isso consegui implementar um sistema em que não gasto mais de 1 hora por dia com isso (ok, tenho mulher a dias, ajuda sim).
    Para terminar, as mulheres são umas cabras sim. São as que não te dão passagem na estrada, são as que não deixam passar a senhora com o carrinho de bébé, são as primeiras a protestar quando uma grávida lhes passa à frente na fila prioritária, são as que não te dão lugar no autocarro quando tens um barrigão de 8 meses (tudo isto foi testado e provado by myself, entre outras pérolas). Ora, se elas são assim, onde queres que cheguem??
    Organizem-se gajas!!!! 😀

    • Reply
      joan of july
      06/02/2015 at 9:06 AM

      Ana, vou ser sincera: o teu comentário não me chocou. Discordo dele, especialmente na última parte em que ajudas a perpetuar um velho esterótico feminino. Se todas pensarmos assim, vamos agir por vingança ao não deixar passar as outras e assim continuamos num ciclo vicioso.

      “Quanto à parte do “mulher a passar a ferro/fazer outras coisas; homem a ouvir o relato com a mini na mão” isso é culpa das mulheres. ” – Sim, é nossa, sabes porquê? Porque não desafiamos o satus quo e também porque, como mães, as mulheres edicaram os homens a serem servidos e não a colaborar com as esposas. Mas tenho a certeza que vai ser a minha geração que vai começar a mudar o panorâma, tenho mesmo a certeza. Entretanto, se quiseres vê esta Ted Talk, pode ser que te inspire: https://www.ted.com/talks/sheryl_sandberg_why_we_have_too_few_women_leaders?language=pt

      Eheheh 😉

  • Reply
    Adriana
    31/08/2016 at 7:35 PM

    Olá, como vai?
    Achei interessantíssimo seu artigo.
    É inaceitável que, em pleno século 21, ainda temos de discutir sobre desigualdades entre homens e mulheres.
    As mulheres progrediram muito em todos estes anos, mas a sociedade num todo ainda tem uma mentalidade muito “quadrada”, incluo nisso também algumas mulheres, que infelizmente pensam como muitos homens, que a obrigação da mulher é cuidar da casa, dos filhos e do marido, ufa!!! Muita coisa para ela cuidar não acha?
    Gente, HELO, lugar de mulher é onde ela quiser, no trabalho, em casa, dirigindo um transporte público ou mesmo em obras. Nós podemos sim optar pelo o que queremos e como queremos, SOMOS MULHERES, PODEROSAS, INTELIGENTES, DEDICADAS. Não deixem nenhum homem dizer o contrário.
    Abraços!

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