Acabada de chegar do Bloggers Camp e já cruelmente atirada de volta à realidade, não tenho outro remédio senão abraçá-la como a uma velha amiga. Mas consolo-me por voltar a ter tempo para o blog e por hoje ser dia 6, ou seja, dia de 6 on 6!
Confesso que, de todos os temas até agora, este foi o meu favorito. Sempre fui muito ligada à natureza e ao poder dos quatro elementos sobre ela e sobre nós. A sua natureza tanto dócil como volátil e impiedosa fascinam-me profundamente. Tanto nos podem ajudar e salvar a vida como, no instante seguinte, ceifá-la.
Sem demais demora, vamos então explorar os quatro elementos através das fotos deste mês e vamos desvendar os seus significados!
Ar
“Close your eyes and turn your face into the wind.
Feel it sweep along your skin in an invisible ocean of exultation.
Suddenly, you know you are alive.”
― Vera Nazarian, The Perpetual Calendar of Inspiration
“She blew her friend’s dust away. This was what always happened when a faerie died. They turned to sparkles. Always keeping the world a lighter place.”
– Unknown
Este mês tive a sorte de poder contar com duas modelos para as minhas fotos representativas deste elemento e, melhor ainda, são duas das minhas colegas do 6 on 6, a Marta e a Joana! Já agora, aproveito para agradecer às duas!
Voltando ao poder dos elementos, o vento é um perfeito exemplo da dualidade da natureza. Se por um lado, poucas coisas são melhores do que uma leve aragem no rosto num dia quente de verão, por outro, sabemos que o mesmo elemento que nos oferece esse momento refrescante, é capaz de produzir tempestades violentíssimas. No fundo, a natureza dá e tira em igual medida e o seu poder continua a ser incontestável e incontrolável, por muito que o ser humano tenha evoluído.
Aqui, nas minhas representações do ar, decidi focar-me na sua faceta mais agradável. No caso da primeira foto, vemos uma acção causada pelo ar em acção quando saído dos nossos pulmões com a Marta a soprar uma mão cheia de glitter.
Já na segunda foto, observamos o cabelo da Joana a esvoaçar delicadamente quando apanhado numa brisa primaveril ontem durante uma curta sessão de retrato no Bloggers Camp.
Água
“Water does not resist. Water flows. When you plunge your hand into it, all you feel is a caress. Water is not a solid wall, it will not stop you. But water always goes where it wants to go, and nothing in the end can stand against it. Water is patient. Dripping water wears away a stone. Remember that, my child. Remember you are half water. If you can’t go through an obstacle, go around it. Water does.”
― Margaret Atwood, The Penelopiad
Ai a água… A água é o “meu” elemento desde que me lembro. É o elemento do meu signo e aquele que melhor me represente, se é que isso é possível. Volátil como eu, desenrascada como eu, nunca deixa que um obstáculo a pare, contornando-o de todas as vezes.
Nunca me sinto tão em casa como no mar e sinto genuinamente falta de água, não de beber (que essa água está-me sempre disponível), mas da água que me abraça como uma mãe e que me despe de preocupações e stress. Deitada de costas no mar, a flutuar, é o mais perto que chego do céu. Lá no meio daquele azul, sinto que nada me pode atingir, que ninguém me encontra a não ser que eu queira. Não tenho que responder a telefonemas, mensagens, emails, nada. Sou só eu e o mar.
Para além disso, é um elemento que faz parte de mim, ou melhor, de nós. Temos água dentro de nós e somos capazes até de absorvê-la através da nossa pele em quantidades pequenas. Somos água e precisamos de água, ainda que vivamos com os pés assentes na terra.
Terra
“The clearest way into the Universe is through a forest wilderness.”
– John Muir
Quando penso em terra enquanto elemento, imagino-a como o palco dos bosques e das florestas que tanto adoro. Criadora dos melhores refúgios da natureza, é um elemento muito completo e que se deixa influenciar por todos os outros. O fogo altera-lhe os cenários, a água nutre-a, o vento agita as folhas das árvores que adornam, por sua vez, as florestas e bosques.
A terra é, para mim, harmonia, paz e caos, aliada e inimiga. É nela que crescem os nossos alimentos ou da qual se alimentam os nossos alimentos. É ela que nos alimenta, acolhe e abriga. É ela que procura quando o mar não é uma opção e preciso de refúgio.
Fogo
“Light yourself on fire with passion and people will come from miles to watch you burn.”
– John Wesley
O fogo é associado à sensualidade, à cor vermelha, ao perigo e a um temperamento volátil, mas eu associo-o também ao conforto por ser o elemento que nos permite cozinhar alimentos, iluminar o nosso caminho e aquecermos-nos numa noite quente de inverno. Não há nada melhor que desfrutar de uma boa lareira numa noite fria.
O fogo foi o elemento que ditou a evolução do Homem quando este descobriu que era possível criá-lo a partir do choque de duas pedras ou da fricção de madeiras.
É o elemento mais raro de ser encontrado no seu estado natural (por exemplo, na lava dos vulcões), mais assustador e intimidante, mas ao mesmo tempo – e isto é muito curioso – o mais vulnerável. A água apaga-o, o vento apaga-o (como quando sopramos uma vela ou um fósfero) e o mesmo extingue-se quando é atirada terra para uma superfície a arder.
Isto, claro, dá-me imensa vontade de fazer um paralelismo com as pessoas “cheias de fogo” que conhecemos nesta vida, de peito inflamado, que cantam de galo e que, a seu ver, são as melhores do pedaço. No fundo, haverão sempre outras mais fortes, mais sábias e mais persistentes que conseguirão apagar o seu fogo, porque no fundo, a sua vulnerabilidade é superior à dos outros, embora não pareça.
Os quatro elementos e o paganismo
Foi durante a minha adolescência que me apercebi que os quatro elementos estavam intrinsecamente ligados ao misticismo e às religiões pagãs de outrora e que sempre me fascinavam, sendo frequentemente associados a divindades ou mesmo vistos como tal.
Quando penso nos quatro elementos, lembro-me muito desta cena do The Craft:
Mas isto daria todo um outro tema, por isso concluídos este post aqui.
Espero que tenham gostado tanto desta 6 on 6 quanto eu. Agora, já sabem! É hora de ir espreitar as minhas colegas e as suas interpretações interessantíssimas deste tema! 🙂
- Marta – Viver a Viajar
- Catarina – A Girl in Mint Green
- Joana – Jiji
- Joana Clara – Às Cavalitas do Vento
- Vânia – Raining Days and Mondays
“Our strength comes from that magic, from the earth and the sky, from the fire and the water. Fly high, swim deep, give back to the earth what she gives you…”
― Juliet Marillier, Daughter of the Forest
11 Comments
Joana Sousa
06/06/2016 at 6:11 PMQue post maravilhoso, Catarina! A Natureza é mesmo o fio condutor do mundo, não há volta a dar, e aproveitaste o tema para fazer uma excelente reflexão. O Homem por vezes tende a achar que é “dono” do mundo…está tão errado!
Jiji
Liliana
06/06/2016 at 6:54 PMOh adorei este rubrica, já tinha visto no blog da jiji! As fotos ficaram super bonitas <3
joan of july
15/06/2016 at 10:30 AMMuito obrigada, Liliana! Espero que gostes das do próximo mês também (sim, que isto é suposto durar até ao final do ano): 😀
Marta Chan
06/06/2016 at 9:41 PMA dualidade dos elementos é realmente fascinante! Derreti-me ao ler o teu texto e deu para perceber de caras a tua paixão pelos quatro elementos.
Soubeste mesmo dar a volta à minha foto com as velas, ficou mesmo gira! Gosto muito quando fazes essa cara mais emo, como a do fosforo ^_^
joan of july
15/06/2016 at 10:28 AMObrigada, Marta! Apliquei-me muito este mês, ok? 😛
Ahahahah cara emo, agora ri-me porque já passei realmente por essa fase! 😛
Vânia
08/06/2016 at 4:55 PMFantástico este post. Foste tão ao fundo da questão com as tuas reflexões e as fotos estão assim algo muito inspirador 🙂
joan of july
15/06/2016 at 10:26 AMMuito obrigada, Vânia! 🙂 Tentei ir a fundo, sim, porque para mim a fotografia e a literatura andam de mãos dadas e queria explorar um bocadinho isso aqui também. 🙂 Obrigada.
Catarina Cardoso Coelho
08/06/2016 at 10:14 PMCat, adorei este teu post <3 Gostei imenso das fotos, especialmente da Marta a soprar glitter. A da água está super simples mas muito bem apanhada. E estes teus pensamentos a acompanhar cada um dos elementos? Tão bom 🙂
joan of july
15/06/2016 at 10:25 AMObrigada, Cat! 😀
Acho que este foi o meu primeiro 6 on 6 em que houve uma verdadeira consistência entre as fotos. Queria mesmo que este mês fossem todos retratos, mesmo sem cara. 😀
Maria
10/06/2016 at 9:40 PMGostei bastante como foi construído este post. As citações ficaram mesmo óptimas a acompanhar as fotografias. Gostei especialmente da primeira citação sobre a água. E das fotografias, gostei especialmente das duas primeiras sobre o ar.
joan of july
15/06/2016 at 10:20 AMObrigada, Maria! Adorei este tema e adoro os quatro elementos da natureza, por isso quis fazer algo mais composto e pensado. Ainda bem que gostaste. 🙂