Já tinha escrito sobre este assunto num outro blog, mas andava a incomodar-me saber que não tinha mencionado este tópico neste blog, já que é o meu pessoal. Este é um assunto delicado e sobre o qual posso falar por experiência própria.
Estávamos no dia 30 de Maio de 2013 e eram 15:25h. Faltavam cinco minutos para uma entrevista que me tinham marcaram para aquele dia. Devia já lá estar à porta ou, pelo menos, mesmo a dobrar a esquina. Mas não. Decidi que não ia. E pensam que os avisei de que não me seria possível comparecer? Nope. E porquê? Porque eles não queriam saber, nem iam dar pela falta de apenas uma das dezenas de pessoas que estariam àquela hora sentadas num “escritório provisório” em cadeiras numa sala completamente vazia onde nada lhes diz que aquilo é deveras um escritório.
Enquanto isso vão preenchendo uma ficha com os seus dados pessoais enquanto esperam pela sua vez de serem entrevistadas. E para quê, se já enviaram o CV antes da entrevistas e todas essas informações estão lá? Ora, porque eles nem sequer abriram os CVs, porque nós fomos apenas peixes que morderam um isco bem lançado e aparentemente apetitoso, na forma de uma oferta de emprego na nossa área (Marketing e Comunicação neste caso).
Quem anda à procura de emprego- como eu andava na altura-, sabe que só tem a ganhar ao responder ao maior número de ofertas de emprego possível por dia. Até aqui, algo óbvio.
O que não nos dizem quando nos lançamos nesta difícil busca por um (bom) emprego é que na internet abundam pragas de proporções bíblicas de empresas-fraude.
Eu não fui à entrevista naquele dia, mas sei como tudo se processa. Caso tivesse ido, teria sido uma repetição de algo que também já se passou comigo numa outra entrevista no final de 2012. Depois dessa experiência, jurei que nunca mais me apanhariam noutra, algo que, até agora, consegui cumprir. A chave é a pesquisa incessante pela empresa em questão. E às vezes não serve só pesquisar no Google.
Deixem-me mostrar-vos.
Exhibit A:
Ao pesquisar no Google pelo nome da empresa em questão, só me apareceram resultados de páginas publicadas pela própria empresa. Isto não me ajuda minimamente. Aquilo de que realmente preciso é de ler opiniões, artigos em revistas, jornais, etc., sobre esta empresa de forma a poder concluir se esta é ou não legítima.
Exhibit B:
Passamos à pesquisa nos blogues. Nada melhor para encontrar opiniões. Trust me.
Exhibit C:
Segundo resultado: FRAUDE! O que li nesse blogue foi exatamente aquilo que temia (e sinceramente já esperava) acerca da “empresa” JR Marketing Solutions. Depois disso encontrei ainda vários comentários a expor esta fraude e outras. Incrível.
Conclusão: A JR Marketing Solutions é só mais uma das centenas de empresas-fraude que proliferam por este país fora; uma cambada de mentecaptos que infelizmente se aproveitam da fragilidade do desemprego em Portugal e da ingenuidade das pessoas que todos os dias procuram emprego por necessidade, sem qualquer intenção de prejudicar a vida dos outros.
E ainda vos digo mais: se decidirem ir a uma coisa destas mesmo depois de tudo isto, posso já dar-vos os spoilers daquilo que se vai passar:
1. Antes da entrevista vão ver de tudo: pessoas vestidas para uma entrevista normal (aparência cuidada), pessoas com uma aparência muito maltrapilha, pessoas jovens, pessoas mais velhas, pessoas bastante velhas,… Tradução: a empresa não tem um perfil de candidato para a posição para a qual se candidataram. Porque será? Porque não interessa, para o tipo de trabalho que vão fazer… Ah, e claro, não viram os vossos CVs, muito menos a foto.
2. O escritório é, como já mencionei mais acima, um espaço ridiculamente amplo e desprovido de tudo aquilo que um escritório tem. Está vazio, pronto. Normalmente há pelo menos uma pessoa a andar de um lado para o outro a fingir que trabalha.
3. Quando entrarem para o cubículo onde vos vão entrevistar, não pensem em dizer maravilhas do vosso percurso académico ou experiência. Não. Vale. A. Pena. NINGUÉM vos vai perguntar nada. O entrevistador vai falar sozinho o tempo todo com um discurso que nunca foge muito disto:
“Nós trabalhamos por objetivos; costumamos trabalhar com a SONAE; precisámos de pessoas dinámicas, que tenham um grande à-vontade; para nos conhecermos melhor, amanhã vem passar um dia connosco para nos conhecer melhor e nos conhercemo-la melhor.
Experimentem perguntar; “Portanto, somos pagos à comissão, certo?”…
Resposta do que obterão: Nós trabalhamos por objectivos; mas quando vier amanhã, perceberá melhor as coisas; por isso, hoje, por volta das 15h30, 16h00, telefone-nos para saber se foi seleccionada…
No meu caso ligaram-me a mim, mas isso não interessa muito.
4. Quando receberem o telefonema, claro que terão sido seleccionados, mas não se deixem entusiasmar por isso. Dir-vos-ão para comparecer no escritório no dia seguinte com calçado confortável. Hmmm…. Vamos já ver para quê.
Testemunho que encontrei num blogue:
«Ligaram-me essa tarde, uma senhora muito contente a felicitar-me por ter ficado, teria entrevista amanhã. Ora…. já tinha uma lista de perguntas preparadas, disparei tudo e ela só respondia “Tenho mais pessoas para contactar, não posso responder ás perguntas de todos não é verdade??” Só me falou na roupa formal, calçado confortável, libertar a minha agenda até ás 20h no dia seguinte, trabalho seria em lisboa e voltei a perguntar aquilo dos stands de angariação de clientes. Também ficou adminada e disse “nada disso!”.
Começei por me sentir tola e enganada mas esse sentimento foi o que inicialmente me deixou alerta, por isso foi positivo.
A necessidade e vontade de trabalhar torna-nos mais vulneráveis. Não há que ter medo de ser enganado em próximas entrevistas. Podemos fazer o possível para nos informar e assim a consciência fica tranquila.
Boa sorte a quem está na mesma situação.»
Lembro-me perfeitamente de aqui há uns 3 ou 4 anos alguém ter tocado à campainha de casa do meu avô (viúvo, octogenário) e, não sei como, ter-lhe vendido um aspirador, uma aparelhagem, VÁRIOS volumes de uma enciclopédia de medicina (repare-se que ninguém que o meu avô conheça estava a tirar medicina ou é médico). Ou melhor, eu sei como lhe venderam tudo isso pela módica quantia de mais de 1000€: aproveitando-se de um senhor idoso, ingénuo (no tempo dele esta gente trapaceira ainda não fazia destas coisas) e muito generoso. E é isto que estas empresas como a JR Marketing Solutions querem que vocês façam. Que enganem as pessoas e as suguem até ao tutano.
Ainda acham que vale a pena? Nem pensem que ficam com a totalidade da comissão! Se não acreditam em mim, leiam os comentários no blog Precários Inflexíveis.
Eu aqui falei da JR Marketing Solutions, mas como esta há muitas outras. Se vocês conhecerem mais casos de fraude, deixem um comentário por favor, para assim ir atualizando a lista, tal como fiz com os comentários no post original. Para já, deixo-vos alguns nomes de empresas que andam à caça de desempregados para incluir nestes esquemas.
A lista negra das empresas-fraude:
- JR Marketing (mais uma vez. Também os denunciei no Facebook como fraude).
- VO Marketing (é a mesma empresa que a JR Marketing, com as mesmas instalações e tudo. Vão só mudando o nome).
- FACEACTION
- Critério Absoluto
- Expressão Positiva
- Status Synergye
- Almada Mais
- Sorriso Plan
- Blackcable
- GONDOPRIME
- Gera Equilíbrio (= Sorriso Plan)
- Mega Budget
- BF Group
- Dragão Porto
- GIGANTAPLAUSO
- OMNIEPOPEIA
- Direct To J
- Scenario Group DP
- Trabucaqui
Se acham que estão perante uma situação como esta, quando vos ligarem para a 1ª entrevista, peçam uma breve descrição do posto de trabalho para o qual estão a ser chamados. Não tem mal nenhum e, caso não seja fraude, explicar-vos-ão o que vão fazer e ainda ficam com a impressão de que estão empenhados e com interesse no trabalho.
Já sabem, qualquer coisa que saibam deixem comentário aqui e/ou façam queixa num destes sites:
Aqui estão mais alguns recursos para que aprendam a distinguir inequivocamente se um anúncio de emprego é fidedigno (ou não):
- How to determine if a job offer is a scam
- How to identify a shady internship
- Don’t accept a job without doing this!
- Learn to Recognize and Avoid a Job Offer
- How to tell if a job is a scam
A razão pela qual decidi repetir (de certa forma) este artigo no meu blog incide sobre o facto de querer continuar a ajudar pessoas que estão na mesma situação em que me encontrava no ano passado. Ao ter este artigo em mais um blog, aumentam os resultados nos motores de busca relativamente a estas “empresas”. Pelos comentários que ainda me têm chegado aqui– mesmo tenho passado quase um ano-, sinto que este testemunho tem ajudado algumas pessoas e só posso ficar feliz por isso.
Fico feliz por ajudar e por me aperceber de que hoje em dia, ter um blog é como ter uma arma poderosíssima. Neste caso, o meu blog é a arma que tenho e que uso contra pessoas que só querem tirar partido da ingenuidade de quem precisa urgentemente de trabalhar e quase já se contenta com “qualquer coisa”. Espero poder ajudar-vos através deste cantinho também.
Já alguma vez passaram por uma situação destas?
Danny
22/04/2014 at 7:30 PMjá me apareceram umas quantas dessas, felizmente não cheguei a ir a nenhuma entrevista porque pesquisei sempre as empresas e vi para o que era.
joan of july
03/05/2014 at 6:08 PMBoa, Danny! A informação é mesmo a nossa melhor arma contra trafulhices.
Castro
20/05/2014 at 12:58 PMO que eu queria mesmo, era que o Sr. Ou Sra. Se identifica-se… se está tão certo que estas empresas são fraudulentas, nada como se identificar e leva-las a tribunal. Não tenho nada a ver com estas empresas, mas já trabalhei em uma destas, e em momento algum, me senti enganado. Muito pelo contrário, ajudou-me a ganhar dinheiro para pagar as propinas, e digo mais, pagaram-me tudo direitinho e não me parece que promover um serviço no sistema porta a porta, seja enganar alguém!!! Qualquer trabalho sério, é honesto, e não acho correcto, sejas lá tu quem for, que venhas aqui difamar quem quer que seja, só porque, provavelmente, achas que ser vendedor porta a porta, não é um trabalho digno da tua pessoa. Enquanto, quase advogado, sei que vou ter de passar recibos verdes aos meus clientes, e mais te digo, pretendo ter o meu gabinete, logo tenho de vender os meus serviços, e por sinal, porta a porta… claro que nesta situação, serei tratado como Sr. Doutor, e provavelmente, defenderei casos bicudos em que o meu cliente é um vigarista, mas que fazer, ossos do ofício! Ainda bem que não vim ver estes blogues quando fui a entrevista nesta empresa, porque se não, não teria ido, e tinha perdido a oportunidade de ter opinião própria. Daqui a pouco, as empresas passam a ter um blogue sobre o desempenho dos funcionários, e aí é que vamos assistir à desgraça total… Se tem queixas a apresentar, falem de coisas concretas, e de preferência, recorram aos tribunais que é para isso que eles servem, e por favor, identifiquem-se, só assim tudo isto faz sentido… Vamos todos pensar nisto!
joan of july
20/05/2014 at 3:04 PMOlá Castro.
Obrigado pelo comentário.
Em primeiro lugar devo dizer que não sei de onde vem a convite a identificar-me, visto que uso e sempre usei o meu nome (e cara) neste blog (ver secção “about”). Mais identificada não consigo estar, a não ser que publique as minhas impressões digitais.
Este espaço é o meu blog e nele falo das minhas experiências, como é o caso deste post. Expliquei o que aconteceu comigo e dei voz a outros testemunhos, publicando os nomes das empresas que me foram chegando e que encontrei noutros testemunhos pessoais por toda a internet.
Fico feliz que tenha tido uma óptima experiência, a sério que sim. Contudo, infelizmente, sem ser o seu, não encontrei mais nenhum relato de uma experiência de trabalho satisfatória em nenhuma destas empresas.
Quando ao trabalho porta-a-porta: engana-se, pois não o acho indigno. A forma como é realizado é que faz a diferença, o trabalho em si não tem nada de mal. O problema na maioria das vezes é que os termos dos contratos dos produtos que são vendidos desta forma são muito pouco claros… Eu sei porque já enganaram o meu avô- um senhor idoso- desta forma.
Não quero de forma alguma ofender quem realiza este tipo de trabalho ambulante, espero que não me tenha explicado mal, mas que há pessoas a serem defraudadas (principalmente candidatos a emprego), isso há!
Mas Castro, por favor, partilhe o nome da empresa em que trabalhou! Podia fazer toda a diferença e podia ser que a tirasse na lista (se encontrar mais testemunhos a favor, claro).
Fico à espera. 😉
Filipe Guerra
26/11/2014 at 11:19 PMBoas, tenho de vir aqui em defesa do senhor Castro, agr pelo sobrenome não vejo quem poderá ser mas até podemos nos ter cruzado nos percursos profissionais…
Catarina, este comment é para ti!
Não leves a mal, mas acho muito triste o que fizeste aqui. Porque falar daquilo que não sabes, acho que não se faz. Ou pelo menos não se devia fazer.
Cria um blogue com algo de útil para o mundo. Eu que sou observador, até diria, que tu eras uma pessoa fixe. Mas eu não vou falar sobre uma coisa que ainda não experimentei.
Catarina, a Jr é uma empresa muito, mas muito, repito, e eu nem sou de me repetir, muito competente. Só trabalhei lá 1 ano e seis meses. Por acaso fui despedido porque fumei umas ganzas com uns constituintes da minha equipa, só tinha 16 almas na minha equipa na altura, gente muito boa, num fim de semana de lazer pago pela Jr em Madrid, com direito a museu do prado e fundação mapfre, fui chibado por um parvalhão qualquer que tinha inveja de mim, sim porque na altura era o gajo com a maior e melhor equipa. Mas não obstante o facto que eles estavam a zelar pelos bons interesses de uma empresa competente. Aprendi mais nesses quase dois anos do que aprendi em 12 anos de escola.
Sim é para bater às portas, não é pêra doce, se dissessem olha estamos a recrutar pessoas para bater às portas, o que dirias? Não, como é óbvio, também eu quando fui trabalhar para lá não fazia questão de ir bater à porta da casa das pessoas, tendo em conta que eu debochava os gajos que vinham bater a minha! Mas quando me apresentaram o programa, que foi o mesmo homem que deu nome à empresa, Mkt directo, 100% baseado em performance, opah Catarina não é preciso sequer ter um dedo de testa para perceber que é à comissão, burros são os que não percebem, e Portugal não precisa de burros, a lei da selva diz que os burros e fracos ficam pá trás…. Eu tenho 4 dedos de testa, Ya vendo bem e grande, mas caga lá nisso, fiz me um homem. Tinha vinte e um anos na altura e era um puto do caraças. Ainda hoje sou, mas tenho uma perspectiva que vendo que tu com 27 anos ainda perdes tempo em falar de gente que não conheces não passas de mais uma a falar daquilo que não lhe compete, é isto a tua contribuição para a sociedade? No tempo em que lá estive angariei dinheiro, e não foi pouco, para diversas instituições. Fora as vidas todas que eu mudei, com os impactos que tive para com todas as pessoas que partilhei o meu sonho, as minhas inspirações. Neste momento só ganho mais dinheiro que tu e por acaso para o ano vou partir numa viagem a volta do mundo, Ya pesquisa por passe-partout!! Esse vou ser eu, e vai ser bem mais que oitenta dias. Guerra, Filipe Guerra, Thats my name, don’t ware it Out!
Se queres ajudar os teus compatriotas faz um favor e cria emprego, é que gente como tu não falta neste país, quem mostra aquilo que ta mal, problemas qualquer um detecta, soluções e problem solvers e que fazem falta! Com o que é que tu já contribuis-te?
joan of july
27/11/2014 at 12:28 AMAi Filipe, nem sei por onde começar, mas vou tentar só porque te deste ao trabalho de me deixar um comentário tão extenso e detalhado. Pelos vistos ainda perdeste aqui uns tempinhos, por isso longe de mim fazer-te essa desfeita.
Bem, em primeiro lugar, não te preocupes que eu não levo a mal. Achares que o meu blog não traz nada de útil não tem mal nenhum, é a tua opinião, tão válida como a de outro qualquer leitor ou visitante, mas ao dizeres o mesmo da pessoa que escreve já demonstra níveis de ignorância que me fazem não querer perder tempo nenhum, até porque não te devo justificações. Eu não te conheço de lado nenhum e tu não me conheces de lado nenhum também.
Eu escrevi (em Maio de 2013, quando este post foi originalmente publicado noutro blog meu) acerca da minha experiência com uma destas empresas, não falei sem conhecimento de causa. E sabes qual é o meu problema com empresas deste género? A falta de transparência. NUNCA, em momento algum, dizem aos candidatos o que vão fazer, qual é especificamente a função ou em que condições vão trabalhar. As pessoas vão ao engano porque o anúncio dizia “assistente de marketing” ou algo do género, quando na verdade não vão fazer nada sequer parecido com isso.
Não achas que seria muito mais inteligente da parte da empresa anunciar logo a verdadeira função? Assim só se candidatava quem realmente gostaria ou não se importaria de fazer vendas porta a porta. Toda a gente poupava tempo, ou estou errada? Não me parece.
Fico muito feliz por teres mais dedos de testa do que toda a gente do mundo e por teres mudado milhares de vidas, seja lá isso como tenha sido… Se calhar és detective privado, uma vez que sabes quanto dinheiro ganho. Se ganhas mais, melhor para ti!
Mas agora também te digo, por aí também existem pessoas como tu aos pontapés e não vou entrar em mais detalhes. Quantos postos de trabalho já criaste, diz-me lá, Filipe? Não sei se alguma vez estarei em posição de o fazer, mas adorava. Estás a ver como não sabes nada sobre mim? Eu tenho aspirações, ambições e projectos em desenvolvimento que, quem sabe, um dia até podem gerar emprego. Quem dera…
Portanto, faz uma excelente viagem por esse mundo fora e deixa-me trabalhar em paz.