1 de Junho é um dia inesquecível. Por mais anos que passem, nunca me esquecerei de que é o Dia Mundial da Criança. Ou melhor, a minha criança interior nunca me deixa esquecer.
E este ano não é diferente neste aspecto, mas a verdade é que a recordação do Dia Mundial da Criança trouxe também à memória um sonho antigo.
Há muito tempo atrás (ok, em 2012), fiz um workshop sobre escrita de livros infantis na Escrever Escrever. Na altura, tinha efectivamente em mente escrever livros infantis e esse desejo nunca me abandonou. Após o workshop e mais tarde nesse ano, a minha vida mudou. Mudei de casa, comecei a viver com o meu namorado, o meu estágio acabou e fiquei desempregada. O lado mais sério da vida triunfou durante uns tempos até que estabilizasse novamente, mas mesmo assim acabei por deixar para trás esta enorme vontade de escrever para os mais novos.
Mas não é que recentemente voltou a dar o ar de sua graça?
E eu decidi dar-lhe ouvidos e remexer nos meus cadernos de linhas escritas à mão. Afinal já tive várias ideias e até já comecei a escrever algumas histórias.
Será que vou finalmente terminá-las e começar tantas outras? Eu quero muito dizer que sim e fazer com que isto um dia aconteça.
Por enquanto, e para celebrar o Dia Mundial da Criança, enquanto nutro o desejo de escrever para elas, deixo um pequeno excerto de uma das minhas historinhas sem título, perdidas num caderninho que comecei a escrevinhar em 2012:
«Era uma personagem interessante a minha mãe. Já não era nova como as mães dos outros miúdos da aldeia e tinha uma certa… reputação. Se é certo que quando as pessoas estão em apuros é a ela que pedem auxílio, quando o sol deixa de brilhar, também ela deixa de ser a D. Pilar e passa a ser conhecida como “la bruja”.
Nunca quis acreditar que a minha mãe é uma dessas, mas se é, prefiro não saber. A minha mãe é mas é muito sábia e conhece coisas que a maioria das pessoas nem sonha que existe.– Se isto é um anjo… – desdenhou o vizinho Elias.
[…]
No seu rosto pareciam estar marcados todos os anos que este Mundo já vira, como se tivesse estado presente no momento da sua concepção. Ensopado até aos ossos e mirrado pelo frio do lodo azulado, eram ainda mais notórios os últimos farrapos de cabelo acinzentado, agora colados ao crânio.
Não era – de todo – assim que imaginava um anjo. Mesmo assim, apesar de tudo, parte dele parecia ser humana.»
Feliz Dia da Criança a todas as eternas crianças por aí! 😉
No Comments