O Dia da Mulher tem um significado especial para mim. Não preciso dele para me lembrar do quão importante é honrar as mulheres que abriram caminho para a nossa geração, mas gosto sempre de o assinalar.
Não sei quanto a vocês, mas eu tenho sentido que, em certas esferas da minha vida, ainda me cobram justificações e ainda me são colocadas expectativas apenas e unicamente devido ao meu género. Nada mais. Contrariamente ao que esperei em tempos, sinto-me cada vez mais revoltada e que ainda é muito necessário enfrentar estereótipos, conceitos e conversas depreciativas relativamente a mulheres. E sim, por vezes até mesmo da parte de outras mulheres.
Dou por mim a lutar ativamente e todos os dias contra algumas coisas que considero profundamente injustas, mas também sou das primeiras a defender que as mulheres não precisam de tratamento especial. Sou feminista, tal como sempre o fui, mas apenas no sentido em que as mulheres devem ser tratadas de forma igual aos homens.
É aqui que muitos homens que conheço começam com aquelas típicas bocas de “e queres pagar copos? Queres pagar para entrar na discoteca?” Não gosto de discotecas, mas se isso for igualdade, sim, óbvio que sim. Não preciso que ninguém que pague coisa alguma para me poder divertir.
Nas coisas em que ainda sinto uma injustiça profunda, inclui-se o papel da Mulher como um todo. Sinto muito que a sociedade lá aceitou que trabalhemos (a muito custo, diga-se), mas não está preparada para que dividamos trabalho com os homens da nossa vida ou das nossas empresas.
À mulher trabalhadora ainda se exige que seja também o parente mais envolvido na vida de um filho, que seja a fada do lar, a governanta, a cuidadora, mas também super bem sucedida no trabalho, sempre linda e esplendorosa na apresentação pessoal e com 1001 hobbies e talentos. Quer-se a mulher mãe, mas sensual, viajada, leitora ávida, trabalhadora, fit… e não basta ser-se 90% disto; se um dos pilares estiver “em falta”, é uma desleixada.
Num mundo ideal, creio que todas ou quase todas quereríamos ser assim, mas sejamos sinceras: quem tem tempo para saber e querer fazer isto tudo?
Como diz a Ruth Manus, “mulheres não são chatas, mulheres estão cansadas.”
Eu sei que estou. Do alto do meu relativo privilégio, cheguei a achar que a luta já tinha sido travada e que já quase não havia nada por fazer.
A minha intenção com este texto foi sempre a de publicar algo positivo, mas acabou por sair um desabafo e isso também tem a sua importância, não acham?
Mas não seria eu se não terminasse numa nota muito positiva e inspiradora, por isso deixem-me fazer umas partilhas perfeitas para assinalar este Dia da Mulher.
Queria também completar este post com alguns links para outros que fui escrevendo ao longos dos anos aqui no blog. Espero que gostem e que vos façam sentido neste e noutros dias em que é tão bom e, ao mesmo tempo, tão desafiante ser Mulher.
Dia Internacional da Mulher: ainda é preciso celebrar?
Feminismo vs o papel tradicional da Mulher e aquilo que nos une
Agora que falas nisso: ser Mulher
Tentei pensar em 8 coisas boas em ser mulher, mas não me lembrei de nenhuma
Mas afinal, o que é uma mulher-coragem? Eu sou uma mulher-coragem?
Feliz Dia da Mulher!
No Comments