Confesso que, de todas os livros que já lemos para este desafio literário e gastronómico, este foi o que me criou mais indecisão na hora de escolher que receita vos trazer.
Neste desafio das Páginas Salteadas debato-me muitas vezes entre fazer uma receita baseada em alguma memória ou gosto pessoal de alguma personagem do livro ou evocar através da gastronomia um sentimento mais generalizado que o livro me traga. Esta última opção foi a que pus em prática com o livro deste mês, “Escrito na Água”, de Paula Hawkins.
Normalmente, associo a comida ao conforto e a sentimentos positivos como, por exemplo, nos casos do Hygge e o Peter Rabbit. Mas em “Escrito na Água” conforto não foi palavra que me passasse pela cabeça e a razão pela qual me foi tão difícil pensar numa receita prendeu-se com isso, com a minha natural associação entre a comida e o aconchego.
Não houve comida que este livro me fosse capaz de inspirar. Então lembrei-me: porque não bebida apenas? Então fez-se luz e, pela primeira vez na história do Páginas Salteadas, trago-vos bebidas com álcool, que – isso sim – é algo que associo ao sentimento de suspense e inquietação do Escrito na Água e, em geral, ao estilo de história da Paula Hawkins.
3 cocktails com gin
Vou ser sincera com vocês: não sou a melhor pessoa do mundo para vos aconselhar quantidades de gin e de água tónica num cocktail, até porque faço a olho e também depende muito da vossa preferência.
Vou, por isso, dizer-vos apenas que outros ingredientes – para além de gin e água tónica – levam os meus cocktails.
Primeiro cocktail: mirtilos e alfazema
Este primeiro cocktail colorido leva apenas mirtilos para ficar com esta cor tão apetitosa. Sabendo que a alfazema também é usada como aromatizante, aqui preferi usá-la apenas como adorno.
Segundo cocktail: framboesas e hortelã
Adoro esta mistura: dá um toque de doçura e, ao mesmo tempo, de frescura a um simples gin & tonic sem esforço nenhum. E – convenhamos – a hortelã fica bem em quase tudo!
Terceiro cocktail: cardamomo
Tenho imensas especiarias para gin em casa e podia ter inventado mais, mas só escolhi mesmo o cardamomo para este último cocktail, não só por gostar imenso desta especiaria, mas porque também – ainda – não domino que combinações de especiarias ficam melhor e não quis correr o risco de ficar a saber “esquisito”.
Dado a cor da capa do livro e o meu desejo de reproduzir a cor que eu imagino mais aproximada do rio que figura em “Escrito na Água”, adicionei, no final, uma gota de corante alimentar verde. Só mesmo para dar aquele toque à Páginas Salteadas e por se relacionar com o livro do mês. 🙂
Ficam tão bem juntos, não ficam?
Pois é, depois de ter aceite que este livro não me punha na mood para pensar em comida, fui também buscar inspiração ao título para pensar no ingrediente principal da receita deste mês. O ingrediente principal eleito foi, claro, a água. Portanto, este mês aprendi que, por vezes, mais vale não inventar demasiado e não criar receitas cuja ligação com o livro é demasiado rebuscada de justificar. Ou seja, noutras palavras, por vezes menos é mais e eu quis ser fiel àquilo que o livro me fez sentir, aliás, como tenho feito com todas as minhas receitas do Páginas Salteadas. 🙂
Como sabem, todas as segundas-feiras sai uma receita deste nosso projecto, por isso fiquem atentos às próximas segundas e às receitas das minhas colegas de Páginas Salteadas:
Joana Clara, Às Cavalitas do Vento
Vânia Duarte, Lolly Taste
Andreia Moita, Andreia Moita Blog
Se quiserem espreitar as minhas receitas anteriores para este projecto podem encontrá-las aqui:
Julho- Um brunch e duas receitas rápidas para desfrutar… com calma
Agosto- Summertime Hygge Cake
Setembro- Uma sopa de cenoura típica da Escócia para dias (mais) frios
Outubro – Duas receitas peculiares a tempo do Halloween
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Sopa escocesa de cenoura inspirada na história de Peter Rabbit (Pedrito Coelho) - Catarina Alves de Sousa
01/04/2020 at 4:47 PM[…] Receita criada para o projecto Páginas Salteadas e publicada originalmente no meu blog, Joan of July. […]