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Road Trip pela Irlanda – Dia 1: Montanhas, lagos, cascatas, uma cidade medieval e uma bruxa centenária

Kilkenny-Ireland

Já lá vai muito tempo desde que escrevi sobre viagens aqui. Hoje em dia, opto, tal como tanta gente, por documentar quase em direto no Instagram as viagens que vou fazendo. Isso é bom e mau, pois apesar de considerar que faço conteúdo com alguma qualidade, ele vai sempre ser efémero. Mesmo no feed, onde se mantém, ele é engolido por outros posts ao longo do tempo. Não que não aconteça num blog, mas como escrevo menos (agora), aqui sempre permanecem por muito mais tempo, já para não falar que tenho toda uma secção de viagens (ver menu do blog) organizada por país e tudo, sempre pronta a ser consultada sempre que quero!

Se me seguem há tempo suficiente, saberão que já fui à Irlanda, há anos, numa outra vida. Escrevi muito sobre essa viagem aqui no blog e vale a pena espreitar:

Como eu escrevia tanto aqui em 2016, que bons tempos! E que pena tenho que já não estejamos no auge da popularidade dos blogs. Sim, já começa a haver uma boa comunidade no Substack, mas ainda não chega aos pés daquilo que já foi a da blogosfera. Saudades de me esforçar a sério, levar a máquina para todo o lado e dar o litro na edição, na escrita… parecia-me meio vaidoso na altura, mas hoje sinto-me grata por tê-lo feito. Que memórias bonitas que tenho à conta desse meu esforço e empenho no registo de momentos importantes. Não quero perder isso. Não perdi, simplesmente faço-o de forma diferente, em sítios diferentes. É tudo diferente.

E esta viagem mais recente à Irlanda também o foi, apesar de ter revisitado alguns lugares. Sabem, é que eu sou daquelas pessoas que acredita firmemente em voltar aonde fui feliz. Sempre.

Vou fazer um resumo do nosso itinerário, mas sem dar demasiados pormenores de sítios que já mencionei bastante aqui no blog.

Dublin

Dormimos em Dublin na noite anterior, a noite da chegada à Irlanda. Na manhã do primeiro dia, fomos buscar o carro que alugámos, mas não nos demorámos muito na capital. Já volto a mencioná-la no último dia, mas vejam o meu roteiro de coisas a fazer em Dublin em menos de 48 horas aqui.

Wicklow Mountains

Algo que ficou por ver na minha primeira visita à Irlanda e que queria muito concretizar desta vez! Sinto que foi mesmo aqui que começou esta viagem de conto de fadas! Foi aqui que começámos a aventura por estradas irlandesas daquelas apertadinhas, mas rodeadas da mais bela natureza, pelo menos para mim, toda eu amor por montanhas e lagos!


Glenmacnass Waterfall

Não foi algo planeado, mas vimos esta cascata maravilhosa na estrada que seguimos após abandonarmos as Wicklow Mountains e parámos. Foi aqui que recolhi a primeira água desta viagem! Eu coleciono água em pequenos frasquinhos, mas só de lugares naturais e que me parecem mágicos.



Como é que sei de que sítio é cada frasquinho de água que coleciono nas minhas viagens? Fácil! Levo pequeninas etiquetas, escrevo logo e colo em cada vidrinho.

Glendalough

Nunca tinha ouvido falar deste sítio, mas a Wikipédia sim:

Glendalough é um conjunto monacal situado no condado de Wicklow na Irlanda. O conjunto monasterial foi criado por San Kevin no século VI continuando seu labor monástico até à dissolução dos mosteiros em 1539. A maioria dos edifícios foram construídos entre os séculos VIII e XII vindo a ser restaurados no século XIX.

Parámos junto a um lago e vimos bastantes pessoas na água. Afinal, para nós podia não parecer (não habituados àquela temperatura naquela altura do ano), mas era verão ainda!


Não sei se consigo imaginar melhor paisagem para estar na água, o meu elemento, a refrescar-me enquanto admiro uma paisagem. A única coisa que mudaria se pudesse, e tendo em conta que a ideia seria ir a banhos, era a temperatura. Mas tendo também em conta o meu propósito desta viagem, estava ótimo assim, pois na minha cabeça já tinha encerrado o Verão enquanto estação, embora em Portugal ainda se fizesse sentir. Mas ali… oh, ali, para mim já era Outono, com todo o seu romantismo bucólico.


Gostava de me lembrar do nome deste sítio onde parámos para almoçar neste primeiro dia na Irlanda, mas não me lembro. Lembro-me que era perto de Glendalough e lembro-me que a sandes era boa e fresca e que a decoração era maravilhosa (para mim). Quem conhece a minha casa e a minha livraria percebe a influência que reuni de visitar sítios assim.

Kilkenny

Chegámos a Kilkenny mais para o final da tarde, o destino da nossa dormida do primeiro dia. Esta nossa viagem foi cheia de paragens curtas para dormir, pelo que experimentámos vários Airbnb, muitos péssimos, para ser honesta. Parece haver uma séria dificuldade em encontrar sítios bons para dormir na Irlanda que não custem um rim e, mesmo assim, sendo maus ou medianos, custam um rim na mesma. Foi o caso do nosso alojamento em Kilkenny (talvez o pior da viagem toda), mas a visita à cidade foi bastante agradável.

Kilkenny é o tipo de cidade que nos apanha de surpresa — uma mistura perfeita entre passado e presente. Caminhamos pelas ruelas de pedra e parece que ouvimos ecos de histórias antigas, mas logo ao virar da esquina encontramos uma galeria moderna ou um café com música ao vivo. O castelo, imponente, observa tudo com a calma de quem já viu séculos a passar, e a Catedral de St. Canice ergue-se como um farol de memória e fé. Há algo de íntimo e acolhedor ali: o brilho escuro do “marble city”, as pontes sobre o Nore, o riso que escapa dos pubs. Kilkenny não se visita apenas, sente-se — e fica a ecoar em ti muito depois de partires. Mesmo hoje, um ano depois, conservo a memória da sua medievalidade e dos segredos que não tive tempo de descobrir. Talvez um dia, talvez nunca seja suposto descobri-los. Gosto disso, destes mistérios que ficam a pairar no imaginário.

Há várias coisas que recordo com muito carinho sobre a nossa paragem em Kilkenny.

St. Canice’s Cathedral

A St. Canice’s Cathedral é o principal templo medieval de Kilkenny e dá nome à cidade (Cill Chainnigh, “Igreja de Canice”). Construída no século XIII sobre um antigo sítio monástico associado a São Canice, destaca-se pela arquitetura gótica, pelos túmulos medievais e pelos vitrais que documentam séculos de devoção local. Ao lado está a torre redonda em pedra, rara na Irlanda por ser acessível: a subida estreita recompensa com vistas amplas sobre a cidade e o rio Nore. No conjunto, a catedral e a torre oferecem um retrato claro da importância religiosa e cívica de Kilkenny, sem dramatismos — é história sólida, bem preservada e fácil de visitar a pé.


O cemitério que envolve a St. Canice’s Cathedral integra o antigo “Cathedral Close”, um recinto medieval que sobrevive quase intacto: entre a igreja e a torre redonda, alinham-se lápides e campas sobretudo dos séculos XVII–XIX (com alguns exemplares mais antigos), muitas com inscrições que revelam famílias e ofícios locais. Quem precisar de localizar um jazigo específico pode pedir ajuda no interior — há plantas e registos disponíveis. E, para completar a visita, dentro da catedral vêem-se os túmulos de efígie e a chamada Kyteler (Kytler) Grave Slab (onde está sepultado Jose de Kyteler (1254–1298), pai da famosa Alice Kyteller, a “bruxa de Kilkenny (mais sobre ela abaixo), que ajudam a contextualizar a tradição funerária do lugar.

As livrarias

Tinha que ser, não é? Houve duas que ficaram marcadas, especialmente esta:


Encontrámo-la já ela estava fechada, mas voltámos no dia seguinte e comprei vários livros aqui, todos eles sobre folklore e lendas irlandesas. Foi aqui, nesta livraria, que comecei a rabiscar na cabeça aquilo que quereria ou não para a minha futura livraria, caso ela se viesse a concretizar.


Mas foi ao jantar deste primeiro dia que conheci a principal história da cidade de Kilkenny: a história de Alice Kyteller.

Kyteler’s Inn

Em Kilkenny, a história de Alice Kyteler continua a ser uma das mais conhecidas da cidade. Rica estalajadeira e comerciante do século XIV, foi acusada em 1324 de bruxaria e heresia, após a morte suspeita do seu quarto marido. Alegava-se que invocava um demónio chamado Robin Artisson e usava feitiços proibidos, acusações que também refletiam rivalidades familiares e tensões sociais da época. Antes de enfrentar julgamento, Alice fugiu e nunca mais foi vista, enquanto a sua criada, Petronilla de Meath, foi queimada na fogueira — o primeiro registo de execução por bruxaria na Irlanda. O Kyteler’s Inn, em Kilkenny, preserva até hoje o nome e a lenda desta figura controversa.

Naturalmente que entrámos no pub que conta e imortaliza a sua história através dos tempos e foi lá que jantámos, a nossa primeira refeição tipicamente irlandesa da viagem. Oh, como adoro comida irlandesa e escocesa, que saudades!


Adoro cidades que conservam audíveis os ecos do seu passado e Kilkenny é, sem dúvida, uma dessas cidades.

O Castelo de Kilkenny


Erguido para vigiar a passagem do rio Nore, o Castelo de Kilkenny nasceu como bastião normando no século XIII e marcou a silhueta da cidade com as suas torres circulares e fosso defensivo.

Durante quase seiscentos anos foi a residência dos Butler — condes, marqueses e duques de Ormond —, um poder que ajudou a moldar a história local. O que hoje se visita é, em grande parte, uma remodelação vitoriana do antigo castelo medieval, com interiores restaurados e percurso por salas de época. Entre os destaques está a Picture Gallery, com um notável teto em madeira de tipo “hammer-beam”. Depois do leilão do recheio em 1935, o edifício acabaria por ser vendido em 1967 por £50 “ao povo de Kilkenny” e passou para a tutela do Office of Public Works, que mantém os jardins e o parque abertos ao público. Lá fora, 50 acres de relvados, o Rose Garden e vistas sobre o Nore tornam o castelo não só um ícone histórico, mas também um dos passeios mais agradáveis da cidade.


Foi também aqui, em Kilkenny, que comprei alguns souvenirs irlandeses, como o Claddagh Ring, um anel tradicional irlandês, mas que, na verdade, é típico de Galway. Mas esse será outro capítulo.



Kilkenny é tão rica em história e lendas, que até há livros sobre as suas histórias, independentes de outros volumes em que folklore e lendas irlandesas são agregados.

Bem, eu tinha pensado em condensar esta viagem à Irlanda num só post (ingénua…), mas afinal tenho mesmo muito para contar e tal será impossível. Vou então dividir as publicações desta viagem incrível em várias, até porque ela o merece.

Espero que tenham gostado do Dia 1 desta road trip irlandesa! Vem aí muita coisa boa nos próximos capítulos!

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2 Comments

  • Reply
    Inês
    19/09/2025 at 9:23 AM

    Muito giro! Eu amo a Irlanda, mas ainda só conheço Dublin, Galway e as falésias de Moher

    • Reply
      Catarina Alves de Sousa
      19/09/2025 at 4:21 PM

      Já conheces sítios lindos na Irlanda então! A Dublin já tinha ido, mas desta vez também consegui ir conhecer Galway e as falésias, que incríveis que são!

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