Falo muito sobre o facto de ser ter perdido um bocado o caráter espontâneo dos blogs na medida em que, no “antigamente” da blogosfera, escrevíamos sobre o que nos apetecia e quando nos apetecia, por isso hoje venho retomar este hábito.
Na véspera de voar pela primeira vez este ano, dei por mim a acordar com a recordação da minha viagem a Amsterdão, no ano passado; a primeira que fiz só com amigas.
Na altura, escrevi sobre esta viagem aqui, mas mais sobre a amizade e o companheirismo que sinto pelas minhas companheiras nesta viagem. Hoje em dia, recordo-a com um carinho imenso não só por ter viajado com elas, mas também por me lembrar daquilo que senti durante estes dias em Amsterdão e pela fase da vida em que me encontrava.
Acho fascinante a forma como a mente funciona, sendo que no meu caso, foi buscar este memória mesmo antes de voltar a viajar e de voltar a falar em Amsterdão (por outros motivos que não o da viagem de amanhã). E, então, dei por mim a rever as fotos da viagem. As fotografias que escolhi para acompanharem este post são só fotos minhas; não vêem comida nem sítios ou sequer monumentos. É propositado. Se já me acompanham há algum tempo, sabem que trato o meu blog também como um repositório de memórias. Esta é mais uma. É a minha versão digital de Pensatório, pode-se dizer.
E porque é que escolhi só colocar imagens minhas neste post?
Mantenho o que escrevi um dia no post “Porque tirar fotos da nossa roupa não é um exercício egocêntrico”:
“E nem só as nossas roupas contam a nossa história. Há certas expressões faciais, certos gestos que não nos apercebemos que usamos quando nos fotografam que dizem muito sobre nós.”
Escrevi isto em 2015, mas podia perfeitamente ter escrito hoje, exatamente da mesma forma.
Nesta viagem a Amsterdão, no início de Março de 2020, eu estava separada desde Dezembro de 2019, a dias de me divorciar. Já estava, ainda que de forma não oficial, com o meu actual namorado e tinha acabado de curar o meu tornozelo fraturado, ou seja, tinha voltado a andar há pouquíssimo tempo. Não minto; custou-me a andar todos aqueles quilómetros por Amsterdão a pé, mas fi-los a sorrir por dentro e a sentir-me a miúda mais feliz do mundo graças ao alívio de ter conseguido voltar a andar novamente.
Isso seria, só por si, motivo de celebração e é uma das emoções que vejo no meu rosto em algumas destas fotos.
Já noutras, identifico o alívio por saber que a minha situação estava legalmente quase resolvida.
Noutras ainda, vejo uma quase adolescente apaixonada às mensagens com o quase-namorado e apanhadíssima pelas amigas.
Nas restantes, a mesma Cat de sempre, apaixonada por viagens, por livros e pela História da Europa, a sentir-se sortuda por estar a viajar e pela vida que tem, apesar de todos os obstáculos e emoções complicadas.
Para mim, cada uma destas fotos, que as minhas amigas me tiraram durante a viagem a Amsterdão, representa o eternizar de todas estas emoções. É por isso que continuo a apregoar que sim, deveríamos ter mais fotos nossas, de preferência tiradas por aqueles que gostam de nós.
No Comments