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Pagos para escrever

Quem diria que, um dia, iríamos ser pagos para escrever? Se me tivessem dito isto há 10 anos, não é que não fosse acreditar, mas nunca adivinharia que estaria a fazer o que faço agora. É a beleza das novas profissões, suponho. Lembram-se de quando “escrever bem” não era uma saída profissional?

Eu lembro-me de estar no secundário e ter vergonha de dizer o que queria fazer no futuro. Eu queria escrever, era tudo o que sabia. Naquela altura, o mais parecido com aquilo que eu queria fazer (sem ser “escrever livros”) era Jornalismo, mas toda a gente me dizia “ah, queres ser desempregada então”. Depois, passei a dizer que queria ser Advogada. Ninguém me chateava ou questionava para além disso, mas eu sabia que era mentira.

Quando fui para a faculdade – tirar uma licenciatura chamada Comunicação e Cultura – conheci muita gente com o sonho de ser Jornalista, então aí ganhei mais à vontade para assumir que aquela era também a minha paixão. E assim foi, durante algum tempo.

Na hora de escolher o mestrado, não hesitei: Jornalismo seria! Fiz estágios em revistas femininas (o meu sonho, na altura), experimentei aquele “mundo”, vivi o dia-a-dia numa redação, equacionei outro tipo de jornalismo também, mas no final… não era bem isso. Só não sabia o que poderia ser.

A vida acabou por me presentear com uma oportunidade como monitora e formadora em workshops de jornalismo para crianças, jovens, adultos e seniores no Diário de Notícias e foi aí que dei os primeiros passos no Marketing Digital; na actualização das redes sociais (Facebook e Youtube), na criação de conteúdos para cada rede específica, primeira vez a gravar podcasts e vídeos, etc. Foi uma experiência incrível e muito enriquecedora que guardo com muito carinho, até por causa das pessoas maravilhosas que lá conheci e que, hoje em dia, tenho o prazer de continuar a chamar de amigos.

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Seguiu-se um período de desemprego em plena crise económica  após essa experiência, que terminou por ter sido “apenas” um estágio profissional. Aproveitei para lançar o meu negócio de sabonetes artesanais – NatusPurus -, ir a televisão apresentá-lo, desenvolver produto e… assumir o comando do Marketing Digital enquanto empreendedora. Aí, aprendi a desenvolver conteúdo para vender de forma indirecta, apercebi-me da importância de uma boa estratégia de conteúdos e do benefício em ter uma comunidade de fãs/clientes nas redes sociais. Fiz de tudo um pouco: content writing, vídeo, community management, fotografia, clipping,… a lista continua.

Presença na imprensa - Catarina Alves de Sousa
Para o P3 do Jornal Público com a NatusPurus, 2013

Quem me conhece há anos, sabe o quão apoiante sou da ideia de termos side-projects. Por vezes, aprendemos mais com eles do que em cursos ou mesmo em trabalhos por conta de outrém. Foi o que aconteceu comigo.

A minha experiência profissional seguinte cimentou, finalmente, que o meu caminho era de facto pelo Marketing Digital. Na startup Boonzi fiz quase tudo o que havia para fazer nesta área dentro de uma empresa recém-criada. Continuei este caminho no Doutor Finanças, na altura também ele recém-criado, três anos após ter começado no Boonzi, mas com a mesma equipa com a qual trabalhava na startup. Tive a sorte de trabalhar em duas fintechs portuguesas incrivelmente interessantes e nas quais também conheci pessoas para a vida. 

colaboradora catarina alves de sousa
Doutor Finanças, 2017

Olhando para trás e omitindo alguns trabalhos como freelancer que tive pelo caminho (e foram muitos), torna-se óbvio que consegui todas estas oportunidades porque escolhi seguir aquilo que me fazia feliz e me dava prazer fazer: escrever. Simplesmente escrever. Claro que nem sempre é possível fazermos aquilo que adoramos e, mesmo dentro da escrita, já tive que escrever sobre coisas que não me interessam tanto. É a vida; não podemos ter sempre tudo, mas já é um bom princípio estarmos na área que queremos. O resto vem. Sempre que alguém se queixa que não gosta de certo trabalho, relembro sempre que “não tens que fazer isso para sempre”. O mercado de trabalho está mais flexível do que nunca (leiam este artigo e conheçam estes dois casos se tiverem dúvidas), por isso é continuar a procurar quando estamos descontentes!

Há quase três anos dei o salto para o mundo das agências de marketing digital, algo que já queria adicionar ao meu percurso profissional. Até lá, estava com receio de ficar demasiado vinculada ao rótulo de Content Writer de finanças pessoais e senti que precisava de variedade e de experimentar outros tipo de clientes. E foi assim que me afastei um bocadinho do content marketing de finanças e enveredei mais pelo Copywriting para redes sociais.

E por aqui fiquei.

Agora, prestes a terminar a minha jornada na BYD e ansiosa por vos contar tudo sobre o meu novo trabalho, partilho esta pequena reflexão convosco:

Ainda me choco, quase todos os dias, por estar a conseguir “ganhar a vida” a escrever, ainda que essa escrita tenha ganho contornos e expressões diferentes ao longo dos anos. Choca-me hoje poder ser bem paga a fazer aquilo de que mais gosto: escrever e ter ideias criativas. Choca-me pagarem-me para isso, empresas reconhecerem o meu trabalho a ponto de me fazerem propostas espontâneas e ainda poder ter clientes enquanto freelancer

A vida sabe bem melhor quando se faz aquilo de que se gosta, é certo, mas também quando temos tempo e cabeça para outra que coisa que não seja trabalhar. 

Por mais empregos que nos permitam fazer aquilo de que gostamos e por mais tempo livre para dedicarmos a quem amamos!

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3 Comments

  • Reply
    Inês Mota
    06/08/2021 at 8:33 AM

    Este teu artigo é tão especial para mim, principalmente porque tive um percurso profissional inusitado e com uma curva apertada num novo sentido – este, de que tão bem falas.
    Também eu anulei de tal forma a ideia de que ser paga para escrever era uma utopia que demorei muito tempo a encontrar o meu rumo e a perceber que o que realmente queria fazer esteve sempre dentro de mim mas escondido na caixa dos ‘hobbies sem grande futuro profissional’. Foi um rótulo escrito a quatro mãos (as minhas, as dos preconceitos e as da sociedade) mas estou muito realizada por esta ser a minha realidade (a que sempre sonhei).

    Obrigada por este artigo, Catarina! <3

    • Reply
      Catarina Alves de Sousa
      18/08/2021 at 10:47 AM

      Olá, Inês!

      Antes deste comentário nem sabia que tinhas mudado de área! Muitos parabéns! Fico muito feliz por ti. 😀
      Obrigada por partilhares essa mudança comigo e por teres lido esta minha reflexão.

      Mandei-te um convite de ligação no Linkedin para ir acompanhando o teu percurso. 🙂

      Um bejinho e muito sucesso!

  • Reply
    O ChatGPT vai roubar-nos o emprego? - Joan of July
    10/04/2023 at 6:57 PM

    […] Já agora, este artigo foi escrito em parceria com o amigo ChatGPT, mas – lá está – mesmo ele não consegue escrever um artigo do início ao fim sem intervenção humana. Ou melhor, consegue, mas não de forma (ainda) 100% satisfatória para quem escrever é uma linguagem nativa. […]

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