Posso só repetir-me, uma vez mais, e publicamente declarar o meu amor por este meu cantinho de há já tantos anos? Posso já não meter aqui os pés, ou melhor, as mãos, para escrever há um mês, mas sempre que cá venho, sinto uma verdadeira lufada de ar fresco. É aquela satisfação de nostalgia e a concretização de algo de que necessito para me sentir mais eu; esta mania de escrever e de continuar a alimentar um meio que, hoje em dia, se declara meio moribundo.
Mas aqui sigo, forte na minha convicção, teimosia e amor pelos blogs. Não há mais nenhuma plataforma onde me sinta tão em casa, o que faz sentido porque esta é só minha.
E após uma breve interrupção nas publicações sobre temas que me fazem pensar com uma atualização da minha vida atual (em especial sobre mudanças recentes na mesma), regresso à escrita no blog sobre coisas que perdi ao longo dos tempos. Falo do amor pela leitura.
Não me lembro de um tempo em que não lia (pelo menos desde que aprendi a ler); sempre fui aquela miúda que levava um livro para todo o lado e até confesso que li o mesmo livro duas vezes de seguida durante umas férias com os meus pais na Tunísia.
Aqui no blog, já fiz várias reviews a livros e tive um dos meus projetos favoritos de sempre, o Páginas Salteadas. Foi mesmo das melhores coisas que já fiz por aqui, a par com vários projetos de fotografia como o Off Sight e o Retratografia. O que é que uma coisa tem a ver com a outra? Fácil: eram coisas autênticas, não imediatas, não feitas com seguidores, parcerias e essas coisas em mente. É dessa autenticidade que sinto falta, sabem? E a leitura insere-se muito nesta categoria.
Costumava adorar ler, só porque sim. Sempre tive as minhas preferências, claro, não posso dizer que sou daquelas pessoas que “lê de tudo”, mas a verdade é que desde 2020 que não voltei ao meu normal de leitora. Sinto que desde que li o “Lá, Onde o Vento Chora” que nunca mais fui a mesma. Amei esse livro, mas parece que nunca mais consegui ler ficção sem ter expectativas colocadas bem lá no alto graças a este livro (e ao “As Flores Perdidas de Alice Hart”). Fui lendo aqui e ali, mas sem grande cadência, sem grande entusiasmo (embora tenha também amado alguns livros pelo caminho).
Chegada a 2022 e, durante meses, pus mesmo de lado a leitura e eis-me, a mais de meio do ano passado, a sentir saudades de gostar de ler, de ter tempo de parar e de saborear cada palavra.
Sabem o “writer’s block” de que muitos escritores de queixam? Eu queixo-me de “reader’s block”.
A culpa é minha por ter deixado de criar tempo para desligar e dedicar-me à leitura e por me ter deixado absorver por todas as necessidades menos as minhas. E ler é, de facto, uma necessidade minha. Continua a ser. Preciso de me permitir perder dentro de mundos que não o meu, de me deixar encantar por vidas que não a minha e de sentir empatia por pessoas que não são as minhas. Preciso de voltar a viajar sem sair do sítio e de me perder em cada página de um bom livro.
Estarei sozinha? Será que mais alguém por aí já sentiu o mesmo? Não sentem que as redes sociais estão cada vez mais a apoderar-se de todo o nosso tempo e interesses?
Para mim, está na hora de desligar; o regresso às leituras de ficção começa esta semana!
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