Este é o meu segundo post para o Desafio 1+3 e regresso a ele com este novo tema: regras. A vida é feita delas e a sociedade só funciona com elas, quer sejam regras que nos são impostas colectivamente, quer sejam as que impomos a nós próprios. Para além das regras que são para todos, eu tenho uma muito importante que me imponho a mim mesma.
A regra é: permitir-me fazer o luto.
Para mim, “fazer o luto” nem sempre tem uma conotação dramática e nem sempre significa a morte de alguém. Aliás, na maioria das vezes aplico a expressão a coisas até bastante corriqueiras. Falo, por exemplo, de um dia (muito) mau. Todos os temos por vezes. São dias aparentemente intermináveis e que, mesmo não sendo os mais frequentes nas nossas vidas, têm – mesmo na sua raridade de ocorrência – o poder de nos deitar abaixo e de invocar nuvens negras que, pesadas e ameaçadoras, se instalam por cima das nossas cabeças. Metaforicamente falando, claro.
Lembro-me que instaurei esta regra a mim própria após uma entrevista de emprego que, não tendo corrido exactamente mal, deixou claro que eu não ia ficar com o emprego. E eu precisava de emprego. Tinha vinte e dois anos quando, arrasada e desmotivada, cheguei ao quarto que partilhava com uma rapariga polaca (que felizmente estava fora nessa tarde) e me deitei na cama com o sentimento de culpa de quem escolheu ir ver séries em vez de enviar mais CVs.
Nesse momento pensei: “não, chega. Não te vais sentir mal nem culpada. Desta vez não correu bem. Hoje, concentras-te em lamber as feridas, em fazer o que gostas, mesmo que isso hoje signifique que nem vais mais sair de casa. Amanhã? Amanhã é outro dia.”
“Amanhã? Amanhã é outro dia. Amanhã voltas à luta.”
Isto é verídico. Não a parte de ter dito estas palavras em voz alta, se é que me tinham imaginado a ter um monólogo comigo mesma, mas a parte em que – a partir deste dia – esta tem sido uma regra constante na minha vida: permitir-me fazer o luto.
Nem todos os acontecimentos da vida precisam do mesmo tempo de luto. Quando perdi a Zelda este ano, tirei dois dias de férias só para ficar em casa a chorar e a organizar-me internamente. O luto não terminou aí, mas dois dias foi o que eu consegui tirar para, pelo menos, não ter que ir trabalhar quando estava a pensar em tudo menos em trabalho.
Esta minha pequena regra de ouro tem-me ajudado a equilibrar-me novamente após períodos, dias e semanas conturbados, acreditem.
Experimentem aplicar esta simples regra à vossa vida e – se o chegaram a fazer – digam-me o que sentiram. Ajudou em alguma coisa? Fez-vos bem?
Já agora, se tiverem um dia mau, partilho aqui os meus 10 conselhos para vos ajudar a ultrapassar um dia especialmente mau. Espero que estes conselhos vos sejam úteis e que o post vos traga um sorriso quando mais precisarem dele. 🙂
Este post faz parte do desafio 1+3 criado pela Carolina do Thirteen. Aqui no blog, podem ler os meus outros posts inseridos neste desafio:
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