Há quem diga que é aos 30 anos que nos encontramos e que sabemos, finalmente, quem somos e o que queremos. Será mesmo assim? Uma coisa é certa: se que um desse por isso, houve algumas coisas que mudaram em mim nos últimos 10 anos e que me ajudaram a definir quem sou. Hoje partilho 6 delas convosco.
Sou reservada, não sou tímida
Descobri, finalmente, a diferença e já percebi porque é que nunca me considerei uma pessoa extrovertida, mas também não exactamente tímida. Agora percebi: eu não sou tímida, sou reservada e selectiva. Eu não tenho vergonha de ninguém, mas não me interessa dar-me com toda a gente. Isto agora parece-me muito óbvio, mas quando tinha 20 anos nem por isso.
Sou cordial com toda a gente, mas poucos são os que me conhecem e têm acesso às minhas maluqueiras. Sortudos da minha versão premium. No fundo, a conclusão disto é que me tornei mais selectiva em relação às pessoas das quais me rodeio. E… ainda bem!
Estou mais comedida e selectiva
No outro dia jantava com amigas dos tempos de faculdade, quando dei por mim a rir e a fazer as piadas do género das que fazia durante esse período de tempo. Soube-me tão bem e senti-me novamente com os meus 20 anos, sem as preocupações e responsabilidades de hoje, mas também sei que não há muita gente que me faça sentir assim como elas e que é um sentimento efémero. Na minha vida em geral estou, agora, mais calma, nem sei bem porquê. Isso não é necessariamente mau, até porque na maioria dos contextos iria destoar um pouco se me comportasse da mesma forma como me comportava aos 20 anos, não acham?
Não me importo com a opinião de muita gente neste mundo
Quando era mais nova perturbava-me que alguém não gostasse de mim ou dissesse “x” ou “y” sobre mim. Agora gosto de saber quem diz o quê (quando tenho acesso à informação), mas a verdade é que… não me importo. Especialmente se for alguém de quem não gosto muito, mesmo que a opinião sobre mim seja favorável.
Dou imenso valor ao que as pessoas de quem gosto pensam sobre mim, mas as outras… meh. Não perco minimamente o sono por elas.
Catarina, Mestre Zen, prazer.
É preciso muito para me tirarem do sério
No seguimento do ponto acima desta, hoje em dia não há muita coisa que me faça perder as estribeiras. Sabem porquê? Porque crescer também implica saber priorizar e, muito sinceramente, há batalhas que são simplesmente uma perda de tempo. Com o trabalho e os nossos afazeres do dia-a-dia, aprendemos a dar valor às coisas que realmente nos interessam. Não há cá tempo para lutar contra trolls da internet, era só o que faltava! Depois de um dia intenso de trabalho eu quero é Netflix and chill.
Anyone else?
Não preciso que toda a gente goste de mim
No fundo, sempre fui assim, mas hoje em dia estou perfeitamente consciente de que não tenho necessidade nenhuma de me sentir adorada por toda a gente à minha volta. O que quero dizer com isto é que não faço esforços por encantar toda a gente só porque sim. Vivo muito bem com isso, porque eu também não adoro toda a gente e não faço questão de me dar com essas pessoas.
Conheço algumas que caem no lambe-botismo só pela extrema necessidade de serem adoradas por toda a gente, e tudo ok se é disso que precisam, mas eu gosto de ser como sou e como sou uma pessoa selectiva nas minhas amizades, não me importo que o sejam comigo também. Ao menos sei que quem cá “anda” é porque quer e gosta!
Ainda estou em modo “figuring it out”
Às vezes adorava poder dizer à Catarina de 21 anos que criou este blog que não, a fase de descobrir o mundo e como as coisas funcionam não ia terminar em breve, que aos 30 não iria ter tudo “figured out” e que, caraças, era tão bom que em Português houvesse uma expressão para isto.
Hoje em dia, ainda não tenho certezas de muita coisa, questiono-me muitas vezes, pergunto-me de estou no caminho certo e duvido de mim 50.000 vezes ao dia. Penso muitas vezes que não sou capaz de algo e tudo bem, às vezes não sou! Mas nunca deixo de tentar. Se assim não fosse nunca teria escrito um livro, por exemplo.
Conclusão
Sim, muita coisa muda em 10 anos, tanto em nós como à nossa volta, mas sabem do que me apercebi agora que acabei de escrever este post? Que as coisas que mudaram estão equiparadas, em termos numéricos (se é que podemos chamar-lhe assim) às coisas que se mantiveram na mesma. No fundo, não foram muitos os aspectos da minha personalidade que mudaram e não considero que nada tenho mudado radicalmente, mas o que mudou foi no sentido de aprofundar alguma semente que já lá estava.
No geral, estou a gostar muito de como me estou a “construir”. 🙂
5 Comments
Bruno Giuseppe Marinho Pontes Grassi
03/03/2019 at 4:17 AMOi Catarina, já faz algum tempo que eu descobri o seu blog, durante minhas navegações na madrugada
e gostei bastante, tem alguns assuntos que não entendo bem, (isso até me impedia de comentar devido a minha falta de conhecimento em determinados assuntos) mas mesmo assim suas postagens acabam prendendo minha atenção.
Sua postagem “6 coisas que mudaram em mim desde os meus 20 anos” me fez querer comentar, pois é exatamente assim que venho percebendo minhas mudanças com o decorrer do tempo (esse ano faço 29 anos), engraçado que nós vamos mudando e quando percebemos, já aconteceu.
Explorando seu blog mais exatamente a parte de “cultura” a onde eu descobri que você tem um canal no youtube, eu fiquei com vontade de peguntar se você tem planos de criar um podcast, acho que seria interessante.
Gosto muito do seu blog, abraços do Brasil!
Andreia Esteves
04/03/2019 at 11:36 AMUma bonita reflexão e revejo-me em vários pontos! 🙂
Catarina
07/03/2019 at 6:30 PMÉ engraçado olhar para trás e perceber que, de certa forma, evoluímos, crescemos, reinventamo-nos, não é? Gosto muito de fazer esse exercício, para e pensar como era ou estava há cinco anos, há dez anos, aquilo que mudou, aquilo que se manteve. Apesar das dores que por vezes provoca, é bom crescer!
Um beijinho**
Sara
08/03/2019 at 7:49 PMOlá, Catarina!
Gosto imenso de ler o teu blog, já o sigo há alguns anos.
Adorei este post sincero, não tem cá “paninhos quentes”… Dizes as coisas como elas são e transmites quando estas correm bem, como quando não correm. Tudo isso faz parte da vida e é perfeitamente normal, mas há quem faça questão em fazer transparecer que leva uma vida perfeita, não percebo porquê.
Vou fazer 28 anos este ano e, mesmo assim, já consigo identificar-me com este post. Também tenho vindo a aperceber-me do amadurecimento que tem acontecido comigo e tenho gostado!
Beijinhos e continua a publicar bons conteúdos como tens feito até agora.
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